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Local: Brasília, DF, Brazil

Bardo da Ordem Druídica Vozes do Bosque Sagrado.

27 de julho de 2006

Escada de Flechas

(Segundo Walmir Ayala)


Há muito tempo atrás, o céu era baixinho, o mundo era bem pouco povoado e as florestas do Brasil estavam cheias de onças que comiam gente e passavam noite e dia assustando os velhos e meninos, que não tinham para onde fugir.
Onça era bicho muito bobo e prevalecido, mas só abusava mesmo era de gente fraca pois tinha muito medo das flechas.

Um dia então, os pajés das tribos dos índios reuniram-se para debater uma maneira de salvar seu povo daquelas onças terríveis.

Todos sabiam que um casal de onças reais eram responsáveis por aquelas matanças. Mas as onças reais eram invisíveis, não se mostravam nunca. Os feiticeiros, deste modo, não encontravam solução para o caso.

Depois da reunião, os pajés permaneceram por ali, pitando seus cachimbos e pensando. O céu estava tão claro, liso e tão próximo que em um ímpedo, um dos feiticeiros resolveu atirar uma flecha nele. Atirou e cravou. Lá ficou a flecha no azul, vibrando...

Todos os outros vieram olhar. Acharam muito lindo aquela flecha colorida enfeitando o céu. Daí, outro pajé atirou nova flecha, perto da anterior. Riram muito, mas muito mesmo, pois jamais pensaram que o céu pudesse ser cravado de flechas. Dando continuidade à brincadeira, jogaram centenas de flechas, uma ao lado da outra, de tal forma que se formou uma escada. Nem dá para imaginar a beleza da escada de flechas, que começava no céu e vinha até o chão!

Então um pajé teve uma grande idéia:

- "Por esta escada nosso povo poderá fugir para o céu e as onças não poderão nos alcançar!"
- "Bom, vamos pensar até amanhã", disse outro e todos foram dormir.

Entretanto, naquela mesma noite, o casal de onças reais passou por ali e viu a escada.

-"O que é isso?", perguntou uma para a outra, miando.
Vendo que ia dar no céu, resolveram aventurar-se e fazer um passeio.
-"Se lá tiver índio, devoramos", miou a outra. E foram....

Um papagaio falador e assustado que dormia em uma palmeira alta, acordou com o barulho das onças, saiu correndo para avisar os pajés sobre o acontecimento. Já estava amanhecendo e todos foram ver o que sucedia. E viram a escada....e viram as onças lá no alto, já na última flecha, sem saber o que fazer.

Reuniu-se a aldeia e o pajé falou:
-"As onças reias subiram na escada de fechas, pergunto-lhes: existe alguém entre vós que tenha a coragem de subir a escada e ir tirando as flechas para que as onças nunca mais possam voltar?"

Todos se entreolharam assustados, pois isso era o fim da vida para os que se atrevessem, teriam que ficar no céu com as onças enfurecidas e logo seriam devorados. Mas, lá no fundo da turba, ouviu-se uma voz:

- "Eu quero ir", aproximou-se um índio forte, trazendo pela mão sua mulher.

-"Nós vamos", confirmou ele.

Todos os índios festejaram então, cantando, dançando e alguns chorando pelo nobre sacrifício dos amigos.

O jovem índio não se abalou e mais que depressa pisou na primeira flecha puxando sua mulher. Passaram para a segunda fecha, então ele arrancou a primeira e jogou no chão. Assim foram subindo e arrancando as flechas que ficavam para trás. Iam cada vez mais alto.....mais alto, até que chegaram pertinho das onças, que a esta altura já tinham se apercebido do perigo que corriam.

As onças saltaram sobre o casal de índios....

Todo a aldeia tomou-se de espanto, entretanto, as onças perderam o equilíbrio e se esborracharam no chão.

Este foi o fim do reinado das onças. Todas as outras onças fugiram apavoradas, com medo de terem o mesmo fim.

Já o casal de índios salvadores que ficaram lá em cima, por sua nobreza, coragem e amor por seu povo, foram transformados em SOL e LUA.
Isso sim, ninguém esperava que acontecesse.....!


Texto pesquisado e desenvolvido por Rosane Volpatto


Crave sua flecha no céu escutando "Caçador de Mim", interpretada por Milton Nascimento.

2 Comentários:

Blogger Aileen Daw disse...

Naum gostei da parte em q as onças são más, mas a história tem a moral bonita!! =)
Bjos!!

29 julho, 2006 03:46  
Blogger Su disse...

Adoro textos assim... se contados ao redor de um fogueira então...
Eita nóis!
Beijocas

30 julho, 2006 02:58  

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