Lenda dos Mebengocre-Caiapós
O vento chegou e bateu sobre Brasília com força. As janelas assoviavam com o vento frio que chegou à cidade para visitar. Passei o dia pensando no vento, escutando sua voz, e foi quando ele me trouxe esta lenda indígena a qual passo agora adiante.
Boa leitura!
No princípio de tudo, antigamente, os mebengocres tinham sua morada no céu (aktube). Moravam em cima de uma estrela mais alta que a nuvem. Um dia, antes de o Sol aparecer e clarear os olhos humanos, um velho encontrou um buraco de tatu. Tatu do céu faz buraco igual ao tatu da terra: buraco redondo e profundo, buraco que ia se estreitando. O velho, muito curioso, pôs o dedo no buraco e o buraco começou a aumentar. Aumentou tanto que furou o teto do céu. E aí, o tatu despencou pelo buraco do céu e caiu na terra.
E o velho caiu atrás. Na terra, o velho se levantou, olhou, conheceu tudo, mas não sabia como voltar para o céu. Nisso, bateu um vento forte, um vento amigo e levou o velho de volta para o céu. Chegando lá, os parentes, espantados, já estavam pensando que o Curupira tinha levado o velho para o lugar que não existe. As tias já estavam cantando o choro dos mortos. Mas o velho voltou. Voltou e todo mundo ficou contente. Tanto era o contentamento geral, que, naquele dia, até choveu no céu.
E o velho que gostava de contar histórias, acabou contando mentira. Contou que a terra era muito boa, que tinha muita comida, muito peixe e muito pequi, que os humanos eram sempre muito carinhosos e todos muito pacíficos. Aí, os parentes também quiseram conhecer a terra. Para conhecer a terra, fizeram uma corda de buriti e desceram pelo buraco do céu. Desceram todos, menos alguns que tiveram medo porque era muito alto. Mas a maioria desceu e ficou olhando e olhando.
E viram que, de fato, a terra era bonita, que havia o rio Araguaia cheio de botos e de garças. E, distraídos como estavam, ninguém viu que um menino cortou a corda que tinha ficado amarrada no céu. Corda cortada e nosso povo não pôde mais subir para onde estava antes. No tempo dos goiás e dos caiapós, a terra era muito bonita: o grande gavião ensinava aos mais velhos a sabedoria da vida e aos mais jovens como se tornar guerreiro.
Ensinou os xamãs a conversarem com os animais e a receberem o espírito do caititu, da anta e até da onça e do macaco. Só com o espírito dos animais se pode saber como caçar sem matar o que não deve ser morto.
Aprenda com este povo que veio do céu para morar em Hi-Brasil enquanto escuta "Pedacinhos do céu", um chorinho de Waldir Azevedo em versão que não consegui identificar quem toca.
Boa leitura!
No princípio de tudo, antigamente, os mebengocres tinham sua morada no céu (aktube). Moravam em cima de uma estrela mais alta que a nuvem. Um dia, antes de o Sol aparecer e clarear os olhos humanos, um velho encontrou um buraco de tatu. Tatu do céu faz buraco igual ao tatu da terra: buraco redondo e profundo, buraco que ia se estreitando. O velho, muito curioso, pôs o dedo no buraco e o buraco começou a aumentar. Aumentou tanto que furou o teto do céu. E aí, o tatu despencou pelo buraco do céu e caiu na terra.
E o velho caiu atrás. Na terra, o velho se levantou, olhou, conheceu tudo, mas não sabia como voltar para o céu. Nisso, bateu um vento forte, um vento amigo e levou o velho de volta para o céu. Chegando lá, os parentes, espantados, já estavam pensando que o Curupira tinha levado o velho para o lugar que não existe. As tias já estavam cantando o choro dos mortos. Mas o velho voltou. Voltou e todo mundo ficou contente. Tanto era o contentamento geral, que, naquele dia, até choveu no céu.
E o velho que gostava de contar histórias, acabou contando mentira. Contou que a terra era muito boa, que tinha muita comida, muito peixe e muito pequi, que os humanos eram sempre muito carinhosos e todos muito pacíficos. Aí, os parentes também quiseram conhecer a terra. Para conhecer a terra, fizeram uma corda de buriti e desceram pelo buraco do céu. Desceram todos, menos alguns que tiveram medo porque era muito alto. Mas a maioria desceu e ficou olhando e olhando.
E viram que, de fato, a terra era bonita, que havia o rio Araguaia cheio de botos e de garças. E, distraídos como estavam, ninguém viu que um menino cortou a corda que tinha ficado amarrada no céu. Corda cortada e nosso povo não pôde mais subir para onde estava antes. No tempo dos goiás e dos caiapós, a terra era muito bonita: o grande gavião ensinava aos mais velhos a sabedoria da vida e aos mais jovens como se tornar guerreiro.
Ensinou os xamãs a conversarem com os animais e a receberem o espírito do caititu, da anta e até da onça e do macaco. Só com o espírito dos animais se pode saber como caçar sem matar o que não deve ser morto.
Aprenda com este povo que veio do céu para morar em Hi-Brasil enquanto escuta "Pedacinhos do céu", um chorinho de Waldir Azevedo em versão que não consegui identificar quem toca.
Marcadores: Mitologia_indigena.htm
1 Comentários:
Que bonita a história. Se as pessoas pelo menos lessem com olhos de coração essas histórias eu acho que aprenderiam a respeitar.
beijos
Postar um comentário
<< Voltar à página inicial