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Bardo da Ordem Druídica Vozes do Bosque Sagrado.

30 de agosto de 2006

Uma Fábula Sobre o Perdão

"O perdão é o combustível do convívio"

Otto Lara Resende
Quem me conhece sabe que o perdão é uma palavra que ainda não consta no meu vocabulário, mas como bem disse Richard Bach em seu livro Ilusões, "Aquilo que você mais sabe ensinar, é o que você mais precisa aprender". Então, aproveite um ensinamento o qual sequer posso ensinar, mas apenas transmitir das palavras de terceiros, pois sou neste ponto ainda mais aprendiz que a quase totalidade dos meus leitores.

Boa leitura!

Ela se chamava Mega e tinha uma chefe terrível. Quando Mega chegava pela manhã e falava "bom dia", a chefe respondia com uma pergunta: "por que não chegou mais cedo?". Se chegasse antes da hora, a chefe não estava lá, mas ficava sabendo e lhe perguntava se ela não sabia qual o horário do expediente, mesmo depois de trabalhar ali há tantos anos. Era uma mulher má. Implicava com tudo. Até que um dia Mega se cansou e decidiu se demitir.

"Vou sair, mas antes vou dizer tudo o que tenho vontade", foi o que pensou.

Exatamente naquele dia ela estava almoçando quando encontrou a dra. Casarjian que a convidou para assistir a um treinamento, naquela tarde.

"Não posso", foi a sua resposta. "tenho expediente a cumprir."

"Por que não?"

Mega falou sobre a chefe que vivia implicando com ela e a dra. Casarjian lembrou que pior a situação não poderia ficar. Além do que, se a chefe lhe desse uma bronca por faltar ao trabalho, naquela tarde, ao menos teria motivo. Mega lembrou que no dia seguinte iria se demitir, por isso resolveu ir ao encontro.

Ali ouviu referências a respeito do perdão. "O perdão é bom para você", falava a Dra. "Se você perdoar alguém que o ofendeu ele continua do mesmo jeito mas você se sentirá bem."

"Se você perdoar o mentiroso, ele continuará mentiroso mas você não se sentirá mal por causa das mentiras dele." Ao final do treinamento, Mega concluiu que a sua chefe estava muito doente e tirou-a da cabeça.

No dia seguinte, tomou uma resolução: "não vou deixar que ela me atormente mais. E nem vou abandonar o trabalho que eu gosto."

Mega chegou e cumprimentou: "olá."

A chefe foi logo lhe perguntando o que tinha acontecido. Ela estava diferente. Mega falou que havia participado de um treinamento e que estava bem consigo mesma e até convidou a chefe para tomar chá, ao final da tarde.

A reação veio logo: "você está me convidando só para eu não reclamar de você?"

"Pode reclamar, até mandar descontar as minhas horas. Mas eu insisto no chá."

E foram. Durante o chá, a chefe falou da sua surpresa em ter sido convidada para aquele chá. Ela sabia que era intratável. Também falou da sua emoção. Nunca ninguém a convidara para um lanche, um café.

Acabou por falar das suas dores. O marido lhe batia, o filho vivia no mundo das drogas. Por isso ela odiava as pessoas. Era infeliz e agredia.

Semanas depois, era a própria chefe que comparecia ao novo treinamento da Dra. Casarjian a respeito do perdão.

Perdoar é libertar-se. Aquele que agride é sempre alguém a um passo do desequilíbrio. Aquele que persegue nem pode imaginar o quanto se encontra enfermo. Sem dúvida, a felicidade pertence sempre àquele que pode oferecer, que a possui para dar.



Esses dias, assistindo a um seriado de TV chamado "Ghost Whisperer", ouvi uma frase que somente agora a descobri atribuída ora a Carrie Fisher, ora a William Shakespeare, que diz mais ou menos o seguinte: "Guardar rancor contra alguém é como beber veneno e esperar que a outra pessoa morra". Lendo o texto acima essa frase fez sentido como nunca havia feito, e lembrei então de um ensinamento quando estudei budismo, e pude finalmente compreendê-lo, também. Ele diz, também aproximadamente, que quando acharmos que encontramos o buda em nós devemos "matá-lo", pois ele não será o verdadeiro buda, uma vez que ele é incognoscível.

Assim, morto o Buda antigo, caminho com o buda novo que agora sou, em busca da compreensão de mim. Mais um ensinamento transmido, desta vez mais para mim que para o leia.


E, falando em perdão, pense um pouco no mundo intolerante em que vivemos enquanto escuta "What's Going On", uma mensagem de paz interpretada por Marvin Gaye. Acompanhe a letra pelo link.

Texto adaptado de um e-mail recebido de Daniela Sette. Com agradecimentos a ela também pela Inspiração.

2 Comentários:

Blogger Unknown disse...

Esse texto foi daqueles q dá linha pra tricô até dizer chega.

E de uma forma diferente vc volta ao assunto de deixar para trás o que não serve e seguir adiante. E de uma maneira totalmente inesperada.

E não concordo que o perdão não faça parte do seu vocabulário. Na realidade, algumas vezes ele faz parte das suas atitudes mesmo. Eu já o vi exercitá-lo...

Então, juntando esse e o post anterior, paremos e nos perdoemos, antes de tudo, internamente.

Beijos.

30 agosto, 2006 17:34  
Anonymous Anônimo disse...

Como definir o perdão?
Em que ponto ele começa?
Como reconhecê-lo?
Quando é que ele se instala em nossos corações, que não o percebemos?
Qual a diferença entre perdão e complacência?
Pequenas perguntas... respostas para mudar vidas...

Ósculos e amplexos, meu irmão extraviado! (ou seria extra viado? hehehehe - brincadeirinha... calma... amigo... amigo...)

31 agosto, 2006 09:57  

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