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Bardo da Ordem Druídica Vozes do Bosque Sagrado.

8 de junho de 2006

Os Olhos de um Pagão

Toda vez que começo a discutir sobre Paganismo logo surge alguém com o conceito de que "pagão é quem vive no campo" ou "pagão é quem não foi batizado". Deixando de lado a inocência e parando de arrotar palavras alheias e conceitos estrangeiros a qualquer cultura pagã que não as "civilizadas" romana ou grega, resta-nos a opção de sermos forçados a refletir sobre o que seja Paganismo e procurar uma definição que abarque mais do que queriam aqueles governos que viam outros povos como meros "bárbaros". É tempo de procurar vivenciar a diversidade naquele tempo abandonada com os olhos e a experiência de dois milênios a nosso favor.

Desde os tempos mais remotos a humanidade busca a religiosidade de forma muito mais conectada com processos telúricos e vitais do que o ser humano moderno consegue conceber, por os ter relegado a segundo plano. Na aurora desse processo de dessacralização das religiões da Terra surgiu o termo Paganismo, pejorativamente aplicado posteriormente aos homens do campo que não seguiam a nova religião recém-surgida, a fim de definir todos os povos no globo que ainda não a professassem.

O simples ato de olhar para o horizonte, que antes significava vislumbrar o futuro de um povo inteiro, mesmo quando fosse uma pequena tribo, hoje está associado a um indivíduo olhando através da poluição ao horizonte, imaginando o próprio futuro. Saímos do pensamento tribal para a ditadura do indivíduo, onde cada um tem seu projeto pessoal ao qual segue sem pensar em quem pisa para alcançar seus objetivos. Estamos próximos ao auge do individualismo, num tempo de tele-entregas, jogos de computador, culto à aparência e medo de violência. E é numa época dessas que o Paganismo resolveu voltar à tona.

Sim, voltar à tona, pois o Paganismo como manifestação filosófica, cultural e religiosa jamais foi varrido da face da Terra. Infelizmente, embora documentários e livros demonstrando isso estejam à disposição de quem os queira ver, as pessoas ainda continuam cordeiros, repetindo calidamente as "lições" forjadas nos dois últimos milênios e repassadas como verdade de geração em geração.

Ressurge a celebração dos ciclos da natureza, o respeito aos antepassados e a diversidade de divindades, cada uma presente em uma ou mais facetas da natureza e com personalidade e papel bem definidos hoje parecem uma forma primitiva de enxergar algo muito mais amplo do que a mente simples poderia imaginar. Mas para um pagão tais conceitos são absurdamente mais abrangentes do que a mera racionalidade os possa restringir.

Esse é o tempo de cada pagão compreender que o Paganismo recebeu esse nome de forma pejorativa, e não na intenção de definir crenças e práticas. E se o termo foi aceito foi porque os pagãos da época estavam muito mais preocupados com o próprio umbigo e o próprio ganho que com o futuro. O horizonte já se fechava diante seus olhos, e a história moderna mostra seu ocaso e quase esquecimento.

Mas os Deuses souberam enfrentar esse inverno e brotaram de novo nos corações de alguns, e agora é o momento de suplantarmos a definição jocosa, e já que o nome existe e está aí, sacralizá-lo para que seu significado chegue ao menos próximo de definir o que seja a vivência e a prática pagãs, pois por mais que a necessidade de definições não seja um preceito pagão, o mundo em que vivemos necessita nos definir para, então, nos tentar compreender.

É tempo de parar de culpar quem quer que seja e de lamentar o que já passou e projetar o futuro do Paganismo. Tempo de juntar a tribo novamente e olhar para o horizonte aberto à nossa frente com os olhos de um pagão.

2 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

isto me lembra a monografia de um amigo meu, um interesse por outras religiões têm crescido, no caso específico da monografia vai falar sobre a de ôsho... e também tentar enetnder o porque da religião oficial (em especial a católica) estar perdendo espaço

creio que as pessoas tenham tomado um interesse maior por religião, neste auge de materialismo (dá para ficar pior? talvez........ ) é um grito de desespero do lado espiritual das pessoas... o paganismo talvez venha com um grito assombroso da natureza... aos que ouvem e tentam entender, se aproximam do paganismo

já que muito foi perdido, principalmente o respeito que se tinha ao nome (ligado comumente ao satanismo) a reconstrução é essencial para se quebrar o medo, a mensagem é bela, pode ser adicionada e adaptada aos dias de hoje (até quem sabe melhorada)... é bonito ver gente trabalhando assim, por algo que trancede a própria pessoa (e uma vergonha ver pessoas trabalhando num propósito deste simplesmente pela própria pessoa)

tentar fazer o melhor de si, cuidar do próprio campo, e todos cuidando do Grande Campo ^^

bonito mesmo teu post ^^ foi de agrado o "livro"

08 junho, 2006 22:47  
Anonymous Anônimo disse...

É como disse tú é o cara!rsss
O comentário anterior disse tudo!
"É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz,mais não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar nosso nariz"trecho de Elisa Lucinda(Só de Sacanagem!)
Eu direi minha esperança é imortal,e essa tribo já está crescendo...sementinhas!rsss bjsss
bruxinho e Bençãos.PS Um de seus melhores post!!!

09 junho, 2006 18:41  

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