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Bardo da Ordem Druídica Vozes do Bosque Sagrado.

16 de março de 2007

Natureza Pagã

Para um pagão a natureza é o resultado da interação de diversas energias, nas quais identificamos nossos Deuses, mas Eles não existem separados da criação através da qual se manifestam, e cada coisa por Eles criada é sagrada.

Há um dito antigo que diz algo como “o que as mãos do homem constroem não é digno de ser templo de culto aos Deuses”, e nestas palavras está a descrição do quanto a natureza é sagrada para o Druidismo e o porquê dos ciclos naturais e suas variações serem tão essenciais em nosso culto e em nossa prática. Sem a natureza perdemos contato com nossos Deuses e definhamos, gritando nosso desespero em silêncio e Os esquecendo aos poucos.

Passamos depois a encarar nosso vazio como uma das síndromes de uma sociedade individualista, apartada da noção de pertencermos a Terra e não ela a nós, esquecida há séculos dos Deuses que nos mostram essa relação e sua importância, incapaz de compreender que o motivo de sua agonia não é uma punição pelo implacável desrespeito ao planeta, e sim uma coisa muito mais simples e natural: fome.

Fome de respostas, de conexão conosco, com os nossos, com o solo que nos sustenta e nutre, com os antepassados relegados ao esquecimento e com energias as quais podemos muitas vezes confundir com os Deuses, quando na verdade são apenas um mero vislumbre de Sua presença.

A natureza pagã está nessa conexão, está na comunhão com nossos Deuses, nossos antigos, nossos valores, nossos pais, nossos filhos e no trabalho constante pelo amanhã, traduzindo no dia-a-dia o esforço em preservar o que sabemos e, por vezes, reconstruir o que esquecemos, adaptando sua essência às necessidades da vida moderna sem nos perdermos no caminho.

Quando for necessário que um rito seja feito em uma casa ou num apartamento, cercado por vidros e pelo concreto, então é melhor fazê-lo como possamos, mesmo entre paredes, a deixar os Deuses sem uma celebração, mas ao fazer seus ritos assim um pagão sabe que quando a oportunidade bate à porta, as árvores nos chamam e clamam que celebremos com elas.

Assim, esta natureza sufocada na qual vivemos, entremeada nos rios enrijecidos de asfalto e nos troncos de alvenaria mortos e vazados nos quais moramos, não é a natureza pagã, mas se nos cabe morar ali, então lá devemos plantar o que a sociedade escolheu deixar fenecer mas não conseguiu matar: nossos Deuses.

E enquanto vivemos nesta consciência, a fome da alma cessa, pois nos unimos à natureza e descobrimos a natureza pagã em cada de nossas vidas.


Aproveite a natureza dentro de si e sacie sua fome olhando a "Paisagem da Janela", seja ela a descrita por Beto Guedes ou a observada por você. Acompanhe a letra da canção pelo próprio link.

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2 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

A aula de domingo rendeu frutos. Adorei!

16 março, 2007 18:06  
Blogger Augusto Kurt TMW disse...

ao ler seu texto, mais uma vez eu notei a grande necessidade que eu estou tendo de ir à algum lugar longe da cidade.

17 março, 2007 16:58  

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