A Sorveira e o Carvalho

Material de Estudo Sobre Druidismo e Celtas
Agora atualizado apenas no novo site:
http://bardomalhado.wordpress.com
 

Nome:
Local: Brasília, DF, Brazil

Bardo da Ordem Druídica Vozes do Bosque Sagrado.

4 de novembro de 2010

Voltei, mas em novo endereço!

Olá! O que você está fazendo aqui?

Se você procura pelos meus textos antigos, está no lugar certo, mas eu voltei a escrever já há algum tempo, então se você quiser ler os textos mais recentes, visite meu novo endereço:
 



Aguardo sua visita no novo site. E como o blog agora é apenas parte do que existe lá, navegue pelo menu quando visitar o novo espaço!


Alexandre Malhado

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17 de outubro de 2007

Dois Anos de Caminhada

Nestes dois anos de caminhada nos quais nossa Ordem Druídica está ativa, nossa principal luta tem sido a de esclarecer a quem nos procure do que o Druidismo realmente é e o que ele não é, pautando-nos sempre na abordagem histórico-reconstrucionista, que é nosso foco, para tal fim.

Cremos no Druidismo com os mesmo valores da época dos celtas, aplicados às necessidades e peculiaridades da vida moderna. Assim, mantemos a essência da vivência druídica o mais fiel possível ao que ela nos ensina sem parecermos caricatos ou incongruentes com os tempos nos quais vivemos.

Mudamos a forma apenas o necessário e não tocamos na essência. Este é o nosso caminho. Adaptamo-nos ao presente ao mesmo tempo em que, cônscios de nossas raízes muitas vezes obscuras e atentos à histórica e à arqueologia, adaptamo-nos ao passado. O que não se adapta engessa, mas temos o maior cuidado para jamais confundir adaptação com invenção, suposição ou sincretismo.

Agora é trabalhar pelo futuro.


Aceite nosso agradecimento escutando "Thank You", cantada por Dido. Acompanhe a letra, a tradução e o vídeo clipe desta canção.

Dedicado a todas as nossas sementes, espalhadas pelo mundo, e a todos os que nos Inspiram, ajudam e apoiam.

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5 de setembro de 2007

O Que Nos Cerca e Nós

"Primeiro foi necessário civilizar o homem
em relação ao próprio homem. Agora é necessário
civilizar o homem em relação a natureza e aos animais."

Victor Hugo



Quanto lixo você jogou na rua nos últimos dias?

O que fez para melhorar a qualidade de vida das pessoas e animais da sua região sem forçar a eles a sua visão de como o mundo deve ser?

Quando buscou alternativas para alimentar-se melhor pela última vez?

Quando reciclou seu último lote de coisas que não quer ou usa mais?

Quando faxinou seu cantinho mágico pela última vez?

Há quanto tempo não questiona suas idéias e as repensa?


Pense nisso escutando "Bem Simples", do Roupa Nova, com a participação especial de Ed Motta nesta versão ao vivo. Acompanhe a letra e assista ainda a um vídeo desta canção.

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4 de setembro de 2007

Eventos No Seu Altar

"Como assim, eventos"? – foi o que algumas pessoas me perguntaram quando usei este termo.

Para mim, um evento num altar é quando algum ato ritualístico, por mais simples que seja, acontece ou chega até ele. Uma oferenda, uma vela acesa ou qualquer evento temporário que ocorra em seu espaço sagrado são exemplos de pequenos e simples ritos que podemos utilizar no dia-a-dia em nossa prática como druidistas e muitos desses eventos não sequer identificados como rituais aos olhos de quem siga outra fé.

Como fazê-los acontecer? Como usá-los?

Atenha-se ao simples. O Druidismo é uma religião de gestos e atitudes naturais, mas principalmente de uma postura cotidiana quando se fala de magia. peguemos o altar como exemplo: não há porque, numa prática diária, paramentarmos um pomposo altar que será entregue ao pó e as teias das aranhas em seguida. Vale mais o altar simples, feito de coisas que realmente signifiquem algo, que uma coleção de coisas sintéticas e estéreis compradas em lojas. Não que não as possamos ter, claro que podemos, desde que signifiquem algo que as justifique estar ali.

Da mesma forma acontece com os eventos. Coloque no seu altar eventos importantes para você e, principalmente se for novo na prática do Druidismo, alguns que são importantes para conhecer melhor nossas crenças. Aqui vão algumas dicas interessantes de eventos que você ter no seu altar:

— Em dias de datas familiares importantes, tais como aniversários de nascimento ou datas comemorativas em geral como dia dos pais, mães, avós, família, etc., deixe uma ou mais fotos em destaque no altar ou perto dele, e faça um agradecimento aos Deuses pela família que te recebeu nesta vida. Lembre-se de que é graças a eles que você está lendo este texto, hoje em dia;

— Em datas importantes da sua vida, faça um agradecimento aos Deuses pelo evento ou mesmo por ter saído inteiro dele (caso de ter sobrevivido a um assalto ou acidente, por exemplo);

— Nos festivais, deixe um pouco do banquete em seu altar até acordar no dia seguinte. Lembre-se de que todo alimento que coloque em seu altar não deve ficar lá por muito tempo a ponto de deteriorar-se, isso tanto por uma questão de higiene do seu espaço sagrado quanto de respeito aos Deuses e seres feéricos que o visitem através dali;

— recolha uma folha ou semente das cercanias de onde more, de preferência de alguma árvore nativa da sua região, e deixe-a em seu como um lembrete da importância que o lugar aonde você está tem neste momento de sua vida. Procure conhecer mais sobre a planta e procure entender porque especificamente esta chamou sua atenção;

— Ao acender uma vela em seu altar, tome um tempo olhando para ela e apreciando a dádiva do fogo. Não é um fogo qualquer o que habita aquela vela. Pode ser o fogo que fadas inspiraram a vir ter contigo ou a presença da própria Brigit em teu espaço. Se toda forma, aquele fogo é sagrado, e não deve ser apenas objeto de respeito, mas de atenção e cuidado;


Esses são apenas alguns exemplos que podemos fazer em nossa prática diária dentro do Druidismo, jamais esquecendo do foco nos Deuses, nos antepassados (sua família incluída aí) e na natureza que te cerca. E não esqueça o mais importante: o maior de todos os altares está sempre contigo: seu coração. E nele, arde a chama da tua fé.


Deposite uma bênção em seu altar enquanto escuta "Aniron", entoada qual bênção na voz e talento de Enya. Acompanhe a letra e a tradução desta canção, cem como seu vídeo clipe.

Em agradecimento a Brigit pelo retorno do General Ti das portas do Outro Mundo.

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21 de agosto de 2007

Deuses e Criação

Nossos Deuses não controlam a natureza. Eles são a natureza.

Eles não simplesmente criam ou destroem. Promovem mudanças em Si mesmos para que o ciclo da vida prossiga, a teia dos eventos se mantenha e as manifestam perante nossos olhos para que possamos nos tornar também parte desse processo.

Não há separação entre os Deuses e o que eles criam, nem distância entre nós e Eles.
Apenas comunhão. Somos um com Eles, pois Deles somos parte.

Alexandre Malhado


Sinta a presença dos Deuses escutando "Inverno", uma das Quatro Estações de Antonio Vivaldi.

Texto Inspirado em discussão na comunidade Paganismo, no Orkut.

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17 de agosto de 2007

Airmid

Esta Deusa é filha do médico dos Thuatha de Dannann, Dian Cécht e irmã de Miach, Airmid é conhecida como uma grande herbalista. Ela ajudou seu irmão na tentativa de recuperar a mão de Nuadu depois de seu pai ter feito uma substituta de prata.

Mais tarde, depois de seu pai matar seu irmão, Airmid tenta classificar todas as ervas mágicas que nasciam no local onde seu irmão foi enterrado. Ela colheu essas ervas, e as ervas falaram com Ela, explicando seus segredos e suas propriedades. Então Ela arrumou todas as ervas em sua capa, mas seu ciumento pai apareceu e sacudiu a capa, espalhando as ervas que se perderam e, com elas, todo o conhecimento que Airmid angariou espalhou-se e por fim muito se perdeu, para apenas aqueles que muito o buscam possam encontrar.

Airmid abençoa aqueles que buscam o conhecimento das ervas, que perdeu-se pelo mundo. Protege os herbalistas e todos que trabalham com a cura pela natureza.

Cecília Lóes
Texto extraído do blog Sussurros de Fada e adaptado pela própria autora para este blog.


Sinta o aroma das ervas de Airmid enquanto escuta a uma versão de "Scarborough Fair-Canticle" interpretada por Celtic Woman. Acompanhe a letra e a tradução desta canção.

Inspire-se também assistindo Sarah Brightman cantando esta canção ao vivo.

Com agradecimentos à autora pelo texto e pela indicação da música.

Dedicado a todos os Ovates.

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3 de agosto de 2007

Blodeuwedd

Blodeuwedd (pronuncia-se Blôde-uh-oo'th) é uma Deusa Galesa, Seu nome significa "Rosto de Flor". Ela foi criada por Gwyddion e Math para ser esposa de Llew, sobrinho de Gwyddion.
Eles usaram flores de carvalho, giesta e de olmeira para fazê-la. Isso aconteceu porque Llew foi amaldiçoado pela própria mãe, Arianrhod, que Ele nunca teria uma noiva de seu próprio povo.
Enquanto Llew estava fora um dia, Blodeuwedd viu Gronw caçando na floresta e os dois se apaixonaram a primeira vista. Ela e Gronw fizeram planos para matar Llew, mas como não se tratava de um mero mortal, Gronw pediu a sua amante que descobrisse o ponto fraco de Llew para poder matá-lo. Blodeuwedd não só conseguiu a informação do próprio Llew como conseguiu que ele estivesse no local certo, na hora certa. No momento de sua morte Llew virou uma águia e voou.
Gwyddion buscou Blodeuwedd para se vingar e como punição ele decidiu transformá-la numa ave, uma que só vive durante a noite, carnívora, de quem as outras aves têm medo, uma coruja.


Blodeuwedd ensina responsabilidade sobre nossos atos e que tudo que queremos têm seu preço. A coruja é vista como símbolo de sabedoria, que trás sabedoria, então virando uma coruja Blodeuwedd teria aprendido essa lição e agora pode trazer essa sabedoria até nós.

Cecília Lóes


Enquanto conhece Blodeuwedd, delicie-se escutando "Advice for the Young at Heart", cantada pelo Tears for Fears. Acompanhe a letra e a tradução desta canção. Não deixe de conferir aidna o vídeo clipe.

Com agradecimentos à autora pelo texto e a Blodeuwedd, pela música e por tantas Inspirações que já me trouxe.

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31 de julho de 2007

O Festival de Brigit

Esta noite começam as celebrações do Imbolc, e muitas pessoas estão de frente a seus altares pessoais, ou montando ritos em volta de belas mesas, preparadas com todo esmero, a fim de festejar mais uma data sagrada de nosso calendário e, se forem Druidistas, o início da primavera como os celtas contavam as estações.

Este é o festival dedicado a Brigit, a Deusa tríplice cujo nome significa "A Exaltada". É ainda o festival dos filhotes, onde o leite é o principal ingrediente de nossas ceias e a carne não faz parte dos banquetes rituais em respeito às mães que amamentam e às crias que nasceram.


Brigit é identificada nas fontes de água, em especial nas nascentes, nos filhotes que aumentam o rebanho nesta época, garantindo carne em nossas mesas para o futuro, no leite que verte das mães, alimento primeiro e mais importante de nossas vidas, na cura, na família e no ato de cuidar do outro.

Ela é o calor da forja, moldando os metais com Seu calor e ensinando-nos que somos nós os responsáveis por moldar também nossas próprias vidas. É o fogo que aquece os lares e o ventre da mãe, moldando a vida e a imbuindo na matéria de nossos corpos. O fogo dos fornos que produzem nosso alimento e o das lareiras, espantando o frio do inverno e propiciando assim que a natureza acorde de seu sono, fazendo a vida brotar novamente.

Podemos vê-La nas artes, e os Bardos prezamos Seu nome e agradecemos sempre por Sua Inspiração. Ela não falha quando clamamos Seu nome, pois é Aquela que diz ao mundo quando o inverno acaba e a primavera começa, embora tenhamos esquecido da contagem de estações como faziam os celtas, onde há o começo, o ápice e o ocaso, e embora nada comece em seu apogeu, tudo pode chegar até ele quando cuidamos corretamente do processo de crescimento.

Tudo isso é apenas parte de Brigit. E assim Ela são as águas que vertem do solo, o fogo que aquece, molda, forja e transforma nossa existência e a Inspiração que traz às nossas vidas a paixão e o vigor que nos fazem caminhar com mais força a cada passo de nossa jornada.


E agora o Sol já se pôs... um novo dia começa com o poente. É Imbolc.


Que Brigit guarde teu lar e aqueça teus dias de inverno!


Celebre este novo ciclo em família ou com os seus queridos ao som de "Pastorale", uma música instrumental do Secret Garden.

Com agradecimentos à Deusa Brigit, por sua eterna Inspiração, dedicado a todos os que a Ela elevam seus corações neste dia.

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28 de julho de 2007

Ação

"Um homem não pode arar um campo
revolvendo-o somente em sua mente"

Provérbio Galês



Desejar é bom, mas sonhos somente se tornam realidades quando trabalhamos por eles. E trabalhar é algo que não fazemos apenas em nossas mentes e corações. É preciso ação, para realizar algo.


Revolva sua mente e olhe-se bem nos olhos ao som de "Dreams", do Cranberries. Acompanhe a letra e a tradução desta canção e, ao enamorar-se e si, assista ao vídeo clipe, respire fundo e, depois disso tudo, mãos à obra, pois estamos quase em Imbolc!!!

Com agradecimentos a Luciana Onofre pela frase e a Cecília Lóes pela tradução mais bonita.

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25 de julho de 2007

O Altar Druídico

    Um altar druídico é algo extremamente livre e simples de se fazer e, ao mesmo tempo, uma das coisas mais complexas que um druidista pode preparar. Isto porque o altar deve refletir a si, aos próprios antepassados, à natureza ao redor de onde o druidista vive e aos Deuses com quem tenha mais afinidade e, sem conhecer qualquer dessas facetas, ninguém pode realmente preparar um altar que seja muito mais que apenas bonito.


    Primeiro comecemos com o básico do básico: os três elementos celtas. Não temos quatro elementos e nossos elementos não têm absolutamente nada haver com os elementos gregos que, afinal, são gregos e não celtas. A coincidência de nomes é apenas isso: coincidência. Falemos um pouco dos nossos elementos, então.

    A Terra – representa o solo que nos sustenta e nutre. O solo que você vê pela janela, todos os dias e sobre o qual caminha quando passeia pelas cercanias da sua casa ou a caminho do trabalho. Sem esse solo sob os seus pés não haveria uma casa, nem alimento. Alguns exemplos de boas representações para esse elemento são: pedras das cercanias ou de algum lugar que lhe seja especial, cristais da região, um punhado da terra do seu jardim, da praça perto da sua casa ou e algum lugar que lhe seja especial, um pedaço de raiz ou madeira, folhas (podem inclusive ser da época e de árvores nativas da sua região, o que é um bom estudo), entre tantas opções.

    O Céu – representa essa tela azul que te protege e ilumina os nossos dias, enquanto fecunda a Terra e permite que a vida se instaure nesse planeta. Alguns exemplos de boas representações para esse elemento são: elementos do festival em que estamos, penas, representações do Sol, da Lua e/ou das estrelas, de nuvens, de chuva, de eventos atmosféricos, de aves ou outros seres que voem.

    As Águas – representam o mar e os rios, portais naturais para o Outro Mundo e uma importante fonte de alimento, além de ser a principal fonte de oxigênio do planeta (por causa das algas azuis). Alguns exemplos de boas representações para esse elemento são: conchas, seixos rolados, um recipiente com água, uma pequena fonte de água corrente, uma imagem de um rio ou cachoeira.


    Em seguida, coloquemos os três pilares do Druidismo no seu altar:

    A Natureza – esta parte engloba as representações dos três elementos mais coisas que você julgue importantes e interessantes que a natureza à sua volta ofereça. Vale a sua imaginação.

    Os Antepassados – representa tudo o que veio antes de você. As árvores antigas e as árvores sagradas, os celtas, os antigos de nossa fé e, principalmente, os seus próprios antepassados. É importantíssimo ter elementos da sua família, dados de bom grado e que te lembrem dos seus pais, avós, etc. Caso um dos seus pais não faça parte de sua vida porque não quis ou vocês foram separados por condições que cada um saberá a sua, lembre-se de que ao menos um grande presente você recebeu: a vida. Em agradecimento a esse presente, coloque alguma representação dessa pessoa.
    Se seus pais são de religiões diferentes não há problema. A representação é deles, e não das crenças às quais eles abracem. E mesmo que o símbolo seja da religião que eles professem, para você ele será um símbolo de ligação entre você e a única ancestralidade que realmente importa: sua árvore genealógica. Aliás, faça-a e a deixe guardada no seu altar. Tente ir o mais para trás que conseguir, e agradeça a cada um pelo dom da vida ter chegado até você.
    Mantenha sempre um local para ofertar alimento aos antepassados. Isso pode ser feito no seu altar ou num local específico na sua casa. É sempre bom deixar um pouco de comida a cada refeição para seus antepassados, trocando-a na refeição seguinte. Neste quesito, é importante ter cuidado com a limpeza do local para não atrair pragas e insetos.
    Não se esqueça de você!!! Pequenos objetos que lembrem a sua trajetória nessa vida, como um trabalho de escola, fotos de infância, etc.
    Evite ao máximo utilizar fósseis em seu altar, pois a depredação de sítios arqueológicos alimenta-se do comércio dessas peças.

    Os Deuses – nesta área coloque uma divindade com a qual você tenha maior afinidade e, se não houver, alguma representação dos Deuses que achar. Não necessariamente é preciso ser uma imagem. Por exemplo, num altar de Brigit pode haver sempre uma vela acesa (velas de 7 dias são mais fáceis e baratas de manter assim). Também vale a imaginação, mas lembre-se que os Deuses celtas não são aspectos de uma divindade ou "faces" de alguma divindade ou energia. O Druidismo é necessariamente politeísta.


    Note ainda que cada representação no seu altar deve refletir o local aonde você more e as estações segundo elas passam ao seu redor. Claro que você pode ter uma folha de carvalho num altar criado em meio ao sertão de Pernambuco, mas esse tipo de representação não substitui a representação da terra. Pode sim estar na representação dos seus antepassados (afinal o Druidismo chegou até você graças a muitas pessoas) ou das árvores sagradas.

    Velas não são necessárias num altar druídico, a não ser que sejam pra representar o fogo não como elemento, mas como presente dos Deuses ou ser feérico (dependendo da região a visão difere). Também para pedidos aos Deuses, e para isso uma vela branquinha é mais que suficiente, quando for acendê-la. Evite deixar velas paradas no seu altar.

Por fim, lembre-se de que um altar é um local extremamente dinâmico e que requer cuidados especiais na limpeza física e espiritual. Sempre que estiver se sentido bem deposite um pouco desse sentimento ali, elevando assim a sua energia e emanando bons fluidos em sua casa. Quando precisar, a energia estará lá para iluminar as noites escuras da sua alma. Eu costumo dizer que o altar é um lugar a ser cultivado.

    IMPORTANTE: Tamanho não é documento. Você pode ter todo o seu altar num espaço bem pequeno. É só saber escolher o que colocar nele.


    Bom trabalho, e que a Inspiração dos Deuses guiem teus olhos e teus gestos, no cultivo do teu altar!


Semeie seu espaço ao som de "Seeds of Love", de Loreena McKennitt. Acompanhe a letra e a tradução desta canção.

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20 de julho de 2007

O Mito dos Sete Países Celtas

Este é um texto que ilustra bem o como é importante estudarmos e, principalmente, refletirmos sobre as fontes que nos são citadas como verdade. Nesta análise, o autor desvela um dos mitos mais encontrados por quem busca sobre o Druidismo na Internet: o mito dos sete países celtas.

Vamos ao texto:


    Um mito moderno criado durante o Romantismo defende a existência de sete "países" celtas "tradicionais", a saber: Irlanda, Ilha de Man, Escócia, Gales, Inglaterra, Bretanha e Galícia. De acordo com esse delírio sugerido em fins do século XIX e alimentado ao longo do século XX, sobretudo com a intenção de justificar certas posturas nacionalistas a partir de uma base "histórica", essas seriam as únicas nações de pura linhagem céltica nas quais surgiu e se desenvolveu a cultura que nos interessa. Mas a verdade é que essa civilização nasceu em pleno centro da Europa, a partir de duas ondas diferentes: a chamada Cultura de Hallstatt, no sul da Áustria, até o ano de 800 a.e.c., e de La Tène, junto ao lago suíço Neuchâtel, cerca de trezentos anos mais tarde. Os sete países celtas nada mais são que regiões européias em que o aspecto exterior, formal, de sua expansão melhor se conservou ao longo dos séculos, mas um milanês ou um esloveno podem também ter uma importante proporção de sangue céltico nas veias, em alguns casos incluindo talvez mais que um bretão ou inglês, por mais ímpia que pareça a semelhante opinião.

    Se é lógico, de todas as formas, que nos territórios do oeste europeu que não sofreram a invasão de outros povos com a mesma intensidade que o resto do Velho Continente encontremos com maior facilidade os rastros da lenda, apesar de aparecerem às vezes surpresas como a que nos apresentou em janeiro de 1996, o professor de Arqueologia Européia da Universidade de Oxford Barry Cunliffe, ao revelar publicamente a descoberta feita por uma equipe de arqueólogos do Museu Nacional da Irlanda a apenas quinze milhas de Dublin: os restos de uma grande fortaleza romana do século 1 ou 2 e.c, a que propósito Cunliffe qualificou de nada menos que "um dos assentamentos romanos mais importantes da Europa". A descoberta dessa fortaleza e de muitos dos restos encontrados ao seu redor, como as diversas moedas com nomes dos imperadores Tito, Trajano e Adriano, manteve-se em segredo por ordem das autoridades irlandesas por pelo menos 10 anos! E parece difícil que não se cumpram os esquemas dessa maneira. Até agora, pensava-se que a Irlanda e a Escócia eram os únicos territórios que haviam ficado a salvo das invasões romanas, e o certo é que nada leva a pensar que o enclave recentemente descoberto fosse outra coisa que uma simples cabeça de ponte do império que não prosperou muito tempo, mas essa é uma boa prova do difícil que é encaixar as verdadeiras peças do passado. Como o governo irlandês poderia questionar um dos principais valores de sua idiossincrasia como nação, um passado totalmente independente e diferente do imperialista vizinho britânico? Tudo o que não tira o mérito do riquíssimo mito celta que guardou para nós a memória gaélica (...).


Extraído do livro "Os Mitos Celtas" de Pedro Pablo García May. Coleção "A Chave Azul" - Editora Angra, 2002 - páginas 31 e 32.


Pense a respeito escutando "Toda Forma de Poder", cantada pleos Engenheiros do Hawaii. Acompanhe a letra e o vídeo desta canção, e reflita melhor sobre as informações que encontrar em suas pesquisas.

Com agradecimentos a Bandruir pela sugestão musical.

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19 de julho de 2007

Suspenso no Vazio

Esses dias, conversando na internet, li uma pessoa não saber definir o quanto as definições de Druidismo que eu sigo e as que ela havia encontrado são diferentes. Em seguida, para definir esse momento de angústia em que tudo o que acreditamos cai por terra e não sabemos mais em que direção seguir, sentindo-nos absolutamente perdidos, eu disse:

— "É como estar suspenso no vazio".

A pessoa com quem conversava concordou.

Pensei por um tempo o quanto é doloroso para quem busca o Druidismo como religião tentar garimpar informações no mundo atual. Antes era praticamente impossível devido à falta de acesso a qualquer informação, mas hoje a dificuldade continua imensa, justamente pelo excesso de informações.

Tudo o que é dito e disseminado tem as mais diversas fontes. São cientistas (os que prestam e os que não valem o canudo que ostentam), místicos de toda sorte, muitos charlatães, pessoas empenhadas em causar o caos – e isso é muito comum principalmente na Internet – ou bem-intencionadas mas que não fazem idéia do que dizem, os que querem mostrar-se sábios para suprir suas carências ou revoltas (com ou sem causa), religiosos (raramente druidistas, quem dirá sacerotes) e uma mídia ávida por vender e que às vezes esbarra no nome Druidismo para enaltecer algo que, quando estudado seriamente, de druídico não tem nada.

Peguei-me de súbito suspenso no vazio por um instante. Espantado com o paradoxo da ausência e do excesso de informação terem o mesmo efeito, e sentei-me para escrever. Lembrei-me do meu tempo de hermetista e dos ensinamentos do meu antigo mestre, e em seguida veio-me à mente o Tao Te King que recebi de uma amiga e sempre está por perto para me dar conselhos sábios e respostas certeiras. Sem abri-lo a frase "o sábio se esconde na multidão" brotou da minha alma, fechando esse ciclo da minha tempestade de idéias. A melhor alegoria que tenho para explicar esses segundos de reflexão é a de um caminhante parando e virando-se para contemplar as pegadas que deixou no caminho percorrido. E essas pegadas mais uma vez me foram inestimavelmente úteis!

Compreendi que talvez não por intenção, talvez não por mero capricho, mas porque eu busquei as informações que "o mestre veio a mim quando eu estava pronto" – uma máxima que todo mago adora – quando conheci a druidesa de nossa Ordem. Ao contrários dos "mestres" da tv, ela se mostrou como alguém que simplesmente soube correr atrás da informação, pensar e, acima de tudo, ponderar. Esse é o maior ensinamento que recebi dela e de todos os mestres com quem tive o prazer de conversar e estudar: pesquisar atentamente, refletir incessantemente e questionar coerentemente, mantendo sempre no coração que muitas, mas muitas vezes a única resposta possível é eu não sei. E justamente por não sabermos devemos pesquisar sempre mais e melhor.


Muitas pessoas buscam conhecer o Druidismo, e muitas tentam tomar para si o seu nome e o que ele seja, mas eis o conselho que eu dou a quem busca conhecer ou vivenciar o que ele realmente é:

Procure por livros de autores sérios, que tenham suas informações comprovadamente extraídas de livros de história e arqueologia. Prefira os autores consagrados, mas tenha sempre em mente que todo autor também pode errar, principalmente quando opina sobre algo.

Encontre pessoas sérias com quem possa trocar experiências e idéias. Esqueça grupos, "gurus" ou "sacerdotes" que prometem mundos e fundos. Sua busca será solitária até que, por muito insistir, alguém aparecerá em seu caminho oferecendo não soluções, mas meios para que você mesmo encontre suas respostas. É deste tipo de pessoas que os grupos sérios nascem, e não existe espaço para pressa neles.

Não tenha medo de questionar. Quem teme a pergunta corre o risco de ou assumir respostas tortas ou desistir de seguir adiante. Nessa confusão os conceitos básicos se perdem e, com eles, todo o resto. Daí nascem a dúvida, o medo, a revolta e a soberba, entre tantas outras mazelas.

Conheça seus limites. Ao tentar abraçar o mundo com as pernas tudo o que você consegue é ficar sentado de pernas abertas no chão, e assim ninguém caminha. Siga um passo por vez, no seu ritmo, de forma bem confortável. Quando o desconforto tiver de aparecer para que você aprenda com ele é uma coisa, mas causá-lo a si não vale à pena.

Caminhe com humildade mas de cabeça erguida. Ouça atentamente a tudo o que lhe for dito, mas reflita muito antes de tomar por certa qualquer "verdade". Respeite quem é mais antigo no caminho e na vivência, mas jamais se esqueça de que o seu processo é chamado assim pois somente você o pode vivenciar. Raízes de outras árvores não transformarão a tua semente em carvalho.

Não divulgue suposições e impressões como se verdade fossem pois é essa prática que dificulta o acesso de mais pessoas a informações de qualidade. Esqueça sacerdócio e rituais. O Druidismo não funciona da mesma forma que, por exemplo, a Wicca como a mídia deixa a entender, e não é preciso iniciar-se ou dedicar-se para tornar-se um druidista. Basta crer nos nossos Deuses e vivenciar a nossa religião. Bem simples. Bastante diferente. Nem melhor, nem pior.

Lembre-se de que você não estará sozinho, pois os Deuses acompanharão seus passos e estarão sempre olhando por ti, não para que nada lhe aconteça, mas para que você seja capaz de lidar com tudo o que enfrentar durante a sua jornada.


Alexandre Malhado


E, para quem não sabe o que é estar só ou para quem acha que sabe, eu voto na definição do Chico.


Solidão

Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo...
Isto é carência!

Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar...
Isto é saudade!

Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos...
Isto é equilíbrio!

Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente...
Isto é um princípio da natureza!

Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado...
Isto é circunstância!

Solidão é muito mais do que isto...

Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma.

Chico Buarque


Boa caminhada!!! E enquanto não nos encontramos pelos caminhos dos Deuses ou pelas trilhas do mundo, escute "Linha do horizonte", cantada pelo Azymuth, prestando atenção na letra desta canção.


Com agradecimentos a tantos que não há espaço para dizer. Alguns pela Inspiração, outros por contribuições durante essa reflexão, e todos por estarem no caminho quando eu precisei de uma voz humana para soprar o que os Deuses não conseguiam me fazer escutar de outro modo.

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13 de julho de 2007

O Bardo

Um Bardo aprende a amar embalado pelas batidas do próprio coração. Entorpece-se contando histórias que transcendem a linha do tempo para dançar com sua pena no ritmo dos versos que entoa, e celebra cada encontro com a mesma intensidade que saboreia a solidão de um momento.

Brilha com o espanto das descobertas que faz, e traz nas veias sentimentos genuínos capazes de Inspirar a alma de quem os vislumbre, pois a cada passo aprende a tocar a alma de quem encontra pelo caminho com o mesmo cuidado e precisão de quem ajuda uma mãe a dar a vida a uma criança.

E assim, parturejando em versos e contando histórias, tornar-se ele mesmo a poesia, a canção, a lenda e o mito.

E brilha.


Alexandre Malhado


Encontre seu brilho ao som de "The Bard's Song" em sua versão original cantada pelo Blind Guardian ou assista ao vídeo onde ela é entoada pela platéia num de seus shows. Acompanhe a música com estas letra e tradução ou pelo texto em que bloguei esta canção pela primeira vez, onde há ainda o vídeo clipe original.

Com agradecimentos a Edson Marques pela Inspiração.

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5 de junho de 2007

Nuvens e Mudanças

"As nuvens mudam sempre de posição, mas são sempre nuvens no céu.
Assim devemos ser todo dia, mutantes, porém, leais com o que pensamos e sonhamos; lembre-se, tudo se desmancha no ar, menos os pensamentos"

Paulo Baleki


Muito falo a respeito da importância dos ciclos, da mudança e da adaptabilidade dentro do Druidismo. Hoje, olhando o que já disse no blog, encontrei esta frase no dia 20-04-2006, e calhou como uma alegoria perfeita do que eu sempre digo, tanto no como devemos vivenciá-lo como o quanto é importante separar o que é essa adaptação das "inovações" e "releituras" que destroem a liturgia de nossa fé.

A forma como o vivenciamos deve ser qual as nuvens, indo e vindo, crescendo e chovendo de acordo com a brisa dos tempos, mas o Druidismo em si, o céu azul por detrás de qualquer nuvem e o mar de estrelas acima da nossa atmosfera, esse é o pensamento que deve nortear nossa busca pelos Deuses que nos aguardam e se mostram refletidos na luz da Lua ou no brilho do Sol.


Flutue pelos céus ao som de "Nuvem Passageira", de Hermes de Aquino, acompanhe a letra pelo próprio link, pense a respeito e aprenda um pouco mais sobre o que é viver.

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4 de junho de 2007

Escrita, Gramática, Sentimento e Simplicidade

Confesso, eu sou um purista. Leio e releio meus textos, em busca dos erros de português cometidos devido à minha pressa ou a minha inabilidade no teclado. Escrutino linha a linha, às vezes anos depois de pronto o texto, em busca de uma forma de deixá-lo mais claro para o leitor e, assim, apaziguar o crítico em mim.

E lendo textos como o que trouxe hoje que de vez em quando sou lembrado de que, no fim, todo o meu stress, toda a minha agonia e todo o meu sofrimento apenas servem para desviar-me no objetivo central do texto: sua mensagem.

Claro, puristas como eu sacam rapidamente algum argumento universal contra esse tipo de pensamento. Sempre algo como “uma vírgula pode mudar todo o sentido de uma frase” ou qualquer outra justificativa que, sim, são verdades. Uma justa preocupação com a transmissão perfeita de uma mensagem. Uma perfeição quase utópica.

No entanto, precisamos de poetas. Precisamos de escritores, precisamos do sonhar e daqueles que nos tragam informações através das quais cresçamos como profissionais, como pessoas e como povo, mas em nossa busca pela perfeição da escrita também precisamos atentar para não jogamos fora o conhecimento. E por medo de transmiti-lo nós o abandonamos e ele se perde.

Por isso existem os Bardos, e para isso precisamos de poetas. Nossa mensagem precisa transcender os limites dessas linhas e da correção gramatical para atingir cada um de acordo com seu nível cultural, sua própria experiência de vida e seu histórico pessoal, semeando poetas à medida que nossas sementes germinam: aos poucos.

Deixe o mundo escutar as palavras que brotam do seu coração. O aprimoramento da língua, que é sim importantíssimo, você pode busca-lo aos poucos, mas o que precisa ser dito, uma vez inspirado e pensado, precisa ganhar asas e seguir aos corações alheios. Eu aprendo a caminhar melhor a cada dia e às vezes também tropeço em meus próprios passos, mas meus passos seriam robóticos não fosse eu prestar atenção na mensagem e na responsabilidade de transmiti-la, apesar dos meus medos.

Este texto lembra-nos exatamente disso, e a dor de cabeça que fiquei ao lê-lo ensinou-me que precisava revisar minhas prioridades, deixar a gramática de lado e dar-me a oportunidade de saborear mais este fruto que colhi à sombra de uma árvore sagrada.


Presiza-se de Poetas

Como diria um amigo: “Essa poesia está um orror”. Mas seria eu uma esceção? Talvez preciso melhorar meu português, quem sabe uma acessoria pudesse ajudar. Tempo verbal não sei muito como utilizaria em meu dia a dia. Hortografia não é meu forte. Síntasse e semântica nem pensar. Como ser poeta então se me falta o básico, saber escrever.

A poesia está ao alcance de todos. Não é só para cultos é também aos menos estudados. O verdadeiro poeta não se preocupa com a grafia, mas com o conteúdo do que se escreve. Para ele pouco importa se assistiu um conserto ou à um concerto, o que vale é estar lá naquele momento, sentir o calor humano, sentir a sinfonia, sentir o palpitar do coração e depois tentar transmitir, a outros, via escrita, aquela maravilhosa sensação.

Estamos menos poeta e mais rigorosos com os outros e conosco a cada dia. Nos preocupamos mais em pedir duzentos e não duzentas gramas de presunto do que com o ato de saboreá-lo. Nos preocupamos mais em corrigir o cumpadi enquanto ele nos conta um causo do que em ficar em silêncio e ouvir o que ele tem para nos dizer. Nos preocupamos tanto com o falar/escrever correto que deixamos muitas vezes de nos comunicar.

O mundo não seria menos triste/cruel/inseguro/violento se todos soubessem falar/escrever corretamente, mas com certeza teria um sentido maior, um brilho melhor se ouvíssemos mais os umildes, não porque eles tem algo que nos intereça, mas porque tem o seu devido valor. O fato de eu ir no cabeleireiro não me faz diferente daquele que vai ao cabeleleiro. Não sou maior ou menor porque como berinjela e não beringela.

O mundo precisa de mais amor, de mais humanidade, de mais poetas.
Todos somos poetas. Não importa cor, nacionalidade, o quão bem escrevemos, o que verdadeiramente importa é o que sentimos, é o que conseguimos transmitir ao falar/escrever. Isto é ser simples. Simplicidade também é poesia.

Fernando Barbosa


Por isso os Druidas não escreviam. Diziam que escrever engessa as histórias (ou estórias, ou mitos, ou o que se conte), pois isso tira a emoção do contador, fator essencial à transmissão da mensagem. E mesmo sem terem deixado praticamente nada escrito, ainda há quem procure vivenciar hoje em dia a sociedade celta como ela foi há dois mil e tanto anos atrás, ignorando que a mensagem precisa ser absorvida de acordo com a época em que vivemos.

Esquecem-se do essencial. Esquecem-se da simplicidade.


E falando em poesia e simplicidade, delicie-se com a Tristeza do Jeca, seja no arranjo rústico e bucólico de "Tonico e Tinoco", seja na voz melodiosa e no arranjo moderno de "Almir Sater". Acompanhe a letra corrigida pelo próprio link desvende a emoção despreocupada nos versos de um jeca pela letra original, que além de combinar perfeitamente com o que este texto propõe torna mais fácil entender porque a escrita engessa o sentimento, principalmente quando preza mais pela correção do texto do que pelo que ele diz.

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31 de maio de 2007

Sacerdócio e Comunidade

Não há sacerdote sem povo. Esta é a realidade que o Druidismo propõe a quem se enverede pelas suas trilhas; algo que não deve jamais sair da mente de quem se proponha a cuidar de um povo ou, em termos simples, tornar-se sacerdote.

Primeiro é necessário entendermos o sacerdócio como um trabalho contínuo, um comprometimento diário e um serviço em tempo integral dedicado não apenas às pessoas das quais cuidamos, mas aos Deuses, pois a cobrança virá não apenas dos estiverem à nossa volta e dos que nos vigiarão, mas Deles, com Os quais é firmado tal compromisso1.

Então, quando poderemos saber se é o momento de buscar um sacerdócio dentro do Druidismo? A resposta divide-se em duas partes e é apenas uma, mas a chave está na primeira parte dessa resposta, ao compreender o que é uma comunidade druídica e como ela se constitui.

Uma comunidade druídica é um grupo social irmanado pelo mesmo legado cultural, histórico e religioso: o Druidismo. Nela a vivência religiosa e a convivência social são promovidas tanto por iniciativa dos próprios membros quanto através de eventos realizados pelos sacerdotes por ela responsáveis, como festivais, cursos e palestras, entre outros. Cabe ainda aos sacerdotes prestar qualquer o auxílio necessário no âmbito espiritual a seus membros.

Mas uma comunidade não é um clube. Não é algo fechado e restrito a quem seja aprovado como uma fraternidade, uma escola de mistérios ou algo análogo a um coven wiccano. Este aspecto fechado restringe-se, no Druidismo, às Ordens, por serem responsáveis pela formação dos sacerdotes. Portanto, uma comunidade está muito mais próxima do conceito de tribo, vai muito além do corpo sacerdotal de nossa fé, e a melhor forma de compreender sua estrutura social está em estudar como vivia o povo celta. Para esse fim sempre recomendo começar pelo livro "Os Celtas", de Robin Place (Editora Melhoramentos, Coleção "Povos do Passado"), por ser uma leitura simples, didática e, embora seu texto já esteja um tanto datado, capaz de nos dar uma excelente visão geral do que tenha sido a sociedade celta.

Uma dica importante: enquanto estuda, não pense sequer por um momento que uma comunidade será – ou viverá – hoje em dia como era a sociedade celta naquele tempo, pois o mundo mudou, e adaptarmos nosso modo de vida a essas mudanças é simplesmente parte de um processo natural necessário não apenas à sobrevivência, mas à manutenção de nossa sabedoria como algo atual e válido para as gerações que chegam. Assim, os valores éticos e morais pelos quais norteamos nossa existência não deixarão de existir, mas apenas serão transmitidos aos que chegam, por nascimento ou identificação, numa linguagem que todos possam assimilar em suas vidas.

Por fim, munido dessa informação, chega a hora de conhecer a segunda parte dessa resposta, algo que apenas você será capaz de lhe dar. Para tanto, responda-se o quanto você é capaz de doar-se por uma comunidade, independente de gostar ou não de um ou outro membro dela, pois seus sentimentos pessoais não contarão quando o trabalho for realizado em nome dos Deuses. Então você terá a resposta.

Assim, a solução que posso dar sobre ser ou não tempo de alguém assumir um sacerdócio é a seguinte: quando ele lhe for tão confortável quanto deve ser a idéia de fazer parte de uma família e por ela estar apto a fazer inúmeros sacrifícios, então seu tempo haverá chegado.

1 – A este respeito leia o texto publicado no dia 30-05-2007, "Compromisso e Sacerdócio".


Feche os olhos e ouça o "Canto de Um Povo de Um Lugar" chegar à sua alma na voz de Caetano Veloso. Acompanhe a letra e delicie-se também com um vídeo desta canção.

Com agradecimentos a Ana Cláudia pela música, e dedicado especialmente a todos os que formam hoje, ontem e amanhã, a Comunidade Vozes do Bosque Sagrado, pela qual sou um dos sacerdotes responsáveis.

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30 de maio de 2007

Compromisso e Sacerdócio

Sacerdócio e compromisso não podem de forma alguma caminhar por trilhas separadas, e quem sequer cogite trabalhar em prol dos Deuses deve antes refletir sobre suas particularidades e imperfeições, suas possibilidades e principalmente sobre a sua capacidade de comprometimento, tendo em mente que não precisamos ser exemplos apenas para uma comunidade druídica pela qual tomemos responsabilidade, mas para todos aqueles que possam contemplar nosso trabalho, acreditem eles ou não no que dizemos ou na nossa fé.

Tentar enganar-se não é uma opção quando o maior juízo a nosso respeito deve vir de nós mesmos e da nossa consciência quando analisarmos os frutos desse trabalho. É através das nossas ações ou da ausência delas que ou fincaremos raízes através das quais fortaleceremos nosso povo e sua ligação com nossos Deuses ou apenas revolveremos terra fértil aonde tanto pessoas desinformadas quanto aproveitadoras continuarão a plantar idéias distorcidas sobre o que seja o Druidismo, usando esse nome seja para ganhar dinheiro ou prestígio, seja para suprir algum vazio emocional ou quem sabe uma carência, mas sempre à custa da fé e da boa vontade de quem pense ter encontrado neles respostas às próprias questões e necessidades.

É contemplando a possibilidade de vivenciar este momento, onde seu sacerdócio terá falhado em fazer com que o nome de nossos Deuses prospere, que é necessário refletir se este é ou não o caminho adequado para si, pois a medida da sua preocupação com esse quadro definirá o nível do seu comprometimento com esta senda.

Compromisso é uma daquelas palavras que tiveram o seu sentido diluído pela constante necessidade de "dinamizar" a vida, mas esse é um daqueles conceitos que não podem se prestar a esse papel sob pena de destruir uma comunidade, quando alguém resolve utilizá-lo num sacerdócio. Isto pois é parte do trabalho de um sacerdote tornar-se o Carvalho quando necessário, transmitindo a sabedoria que corre como seiva em suas veias para seu povo, fazendo assim o papel de pilar da uma comunidade sem que a estrutura rígida que a sustenta engesse o fluxo da seiva que nutre as almas do que nela vivem.

Também é dele a responsabilidade de tornar-se o Junco que traz o Outro Mundo a Inspiração divina para um povo adaptar-se às intempéries da vida e seguir qual flecha na direção correta.

E por tudo isso esse compromisso não pode ser feito levianamente.

Na época dos celtas era possível fazer uma dívida pagável na próxima existência, e isso exemplifica bem a confiança desse povo – e do Druidismo – na lei de causa e efeito. Em suma, você é livre para ser druidista sem jamais precisar assumir qualquer compromisso com ninguém além de si ou, talvez, sua própria família, mas uma vez que resolva assumir um compromisso, esteja certo de que sua decisão tenha sido fruto de profunda reflexão e que sua palavra seja cumprida com o peso do compromisso que é dedicar sua existência a um povo e seus Deuses.


Reflita então sobre as responsabilidades de um sacerdócio imaginando a alegoria que falei e escutando "What I’ve Done", do Linkin Park. Acompanhe a letra e a tradução desta canção e assista ao vídeo clipe, que é fantástico.

Só não se esqueça de, enquanto estiver escutando a música e assistindo ao vídeo, refletir a respeito.

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23 de maio de 2007

Vozes do Bosque Sagrado

Certo, eu sou Bardo de uma Ordem Druídica. Mas que Ordem é essa? O que ela faz? Como ela existe? Quais são seus planos?

Este tipo de pergunta, bastante freqüente entre os que me encontram, é daquelas que precisam ser respondidas para todos. Então segue a resposta, para que conheçam melhor nossa instituição e este sacerdote que a representa.


Quem Somos

A Ordem Druídica Vozes do Bosque Sagrado trata do treinamento dos sacerdotes, da organização e apoio aos druidistas que a ela recorram e da representação do Druidismo tanto em âmbito nacional quanto internacional. Longe de nos considerarmos "donos" do termo Druidismo ou da vivência desta religião, visamos formar uma comunidade cada vez mais consciente do que ele realmente seja, de acordo com a corrente histórico-reconstrucionista que defendemos, proporcionando aos nossos fiéis e simpatizantes sua liturgia, cultura e práticas.

Sempre preocupados em transmitir um conhecimento que seja condizente com a nossa realidade, não buscamos um revivescimento anacrônico disfarçado de "reconstrucionismo", mas a busca fiel do culto druídico e sua adaptação às nossas necessidades, possibilidades e responsabilidades atuais. Não acreditamos que a realidade vivenciada pelos celtas possa ou mesmo deva ser trazida aos dias atuais, pois a mudança é inevitável e o fluxo natural das coisas, o ciclo da vida no qual nossa religião tem seus alicerces, pede que nos adaptemos sempre às condições do ambiente que nos cerca, não esquecendo o cuidado de não nos desviarmos do caminho de nossos Deuses, de nossos antepassados – sejam eles de sangue ou de fé – nem de ignorarmos o solo que nos sustenta e nutre.

Estamos trabalhando para criar uma infra-estrutura que nos permita atender cada vez melhor à nossa comunidade, mantendo em mente as pessoas que encontram no Druidismo uma alternativa válida para sua religiosidade e que precisam ter acesso a informações sérias e de qualidade, bem como apoio espiritual – e às vezes até logístico – adequado capaz de permitir a realização de seus ritos não só pessoais como familiares, tais como casamentos, cerimônias fúnebres, ritos de passagem, etc.

No momento, o maior problema que temos enfrentado é a desinformação disseminada tanto através de falsas definições do que seja o Druidismo quanto por distorções de nossa visão do mundo. Para sanar esses problemas atuamos junto à URI e nos mantemos ativos através da Internet e por meio de correspondência. Pretendemos, à medida que nossa infra-estrutura cresça, ampliar nossa atuação junto à sociedade e, para tanto, pretendemos lançar em breve uma campanha de doação de livros com fins de montar nossa biblioteca de Druidismo e cultura celta, onde tanto a nossa comunidade quanto quem deseje conhecer o que seja a cultura desse povo tenha acesso direto e independente à informação da qual necessite.

Outros projetos também são fomentados, e esperamos que em breve nosso site possa sair do papel, isso já com a contribuição de membros de nossa própria comunidade.


Alexandre Malhado – Bardo


Explicação dada, aproveite esse início de noite ao som de "Prologue", entoada por Loreena McKennitt.

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22 de maio de 2007

Benção Irlandesa

Muitas pessoas encontram o blog enquanto buscam bênçãos, celtas. Então, aos que aqui chegam depois de suas pesquisas ofereço minha gratidão através desta bênção que encontrei.


"May there always be work for your hands to do
 May your purse always hold a coin or two
 May the sun always shine on your windowpane
 May a rainbow be certain to follow each rain
 May the hand of a friend always be near you
 May the Gods fill your heart with gladness to cheer you"

An Irish Blessing


"Que haja sempre um trabalho para que suas mãos façam
 Que sua bolsa sempre contenha uma moeda ou duas
 Que o Sol sempre brilhe pelo vidro da sua janela
 Que um arco-íris apareça sempre após cada chuva
 Que a mão de um amigo esteja sempre perto de ti
 Que os Deuses encham teu coração com alegria para animar-te"

Bênção Irlandesa

Tradução: Alexandre Malhado.


Que os Deuses te guiem! Aproveite a noite deliciando-se com "May it Be", cantada por Enya. Acompanhe a letra com bastante atenção, ou a tradução se preferir, mas não deixe de apreciar o vídeo clipe repleto de cenas do filme "O Senhor dos Anéis".

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21 de maio de 2007

Cachorro Velho

    Uma velha senhora foi para um safari na África e levou seu velho cachorrinho Poodle com ela.
    Um dia, caçando borboletas, o velho cãozinho, de repente, deu-se conta de que estava perdido.
    Vagando a esmo, procurando o caminho de volta, o velho cão percebe que um jovem leopardo o viu e caminha em sua direção, com intenção de conseguir um bom almoço.
    O cachorro velho pensa:

    — "Oh, oh! Estou mesmo enrascado ! Olhou à volta e viu ossos espalhados no chão por perto. Em vez de apavorar-se mais ainda, o velho cão ajeita-se junto ao osso mais próximo, e começa a roê-lo, dando as costas ao predador.

    Quando o leopardo estava a ponto de dar o bote, o velho cachorro exclama bem alto:

    — Cara, este leopardo estava delicioso ! Será que há outros por aí ?

    Ouvindo isso, o jovem leopardo, com um arrepio de terror, suspende seu ataque, já quase começado, e se esgueira na direção das árvores.

    — Caramba – pensa o leopardo – essa foi por pouco ! O velho poodle quase me pega!

    Um macaco, numa árvore ali perto, viu toda a cena e logo imaginou como fazer bom uso do que viu. Negociaria com o predador seu conhecimento de que o poodle não havia comido leopardo algum, por proteção para si mesmo.
    E assim foi, rápido, em direção ao leopardo. Mas o velho cachorro o vê correndo na direção do predador em grande velocidade, e pensa:

    — Aí tem coisa!

    O macaco logo alcança o felino, cochicha-lhe o que interessa e faz um acordo com o leopardo.
    O jovem leopardo fica furioso por ter sido feito de bobo, e diz:

    — "Aí, macaco! Suba nas minhas costas para você ver o que acontece com aquele cachorro abusado!"

    Agora, o velho cachorro vê um leopardo furioso, vindo em sua direção, com um macaco nas costas, e pensa:

    — E agora, o que é que eu posso fazer?

    Mas, em vez de correr ( sabe que suas pernas doídas não o levariam longe...), o cachorro senta, mais uma vez dando costas aos agressores, e fazendo de conta que ainda não os viu, e quando estavam perto o bastante para ouvi-lo, o velho cão diz:

    — "Cadê o safado daquele macaco? Estou com fome! Eu o mandei buscar outro leopardo para mim!"

Moral da história: não mexa com cachorro velho... idade e habilidade se sobrepõem à juventude e intriga. Sabedoria só vem com idade e experiência.


Autor Desconhecido


Uma outra forma simples de moral que se pode atribuir a esta fábula é o quanto a experiência conta na hora de realizar um feito. Se há uma realidade na evolução dos nossos nascentes é que o vigor da juventude nos será cada vez mais insuficiente para conquistarmos nossos objetivos.

Com o passar dos anos surge a necessidade de nos adaptarmos, seja porque a preguiça nos tomou de assalto, seja porque as pernas não respondem mais tão bem quando um leopardo nos encurrala. Neste momento remeto-me mais uma vez aos nossos antepassados, os quais devemos encarar como inesgotável de Inspiração em nossos passos na senda druídica e na vida.

O quê? Seus pais não eram druidistas? Bem-vindo ao mundo. Não conheço no Brasil nenhum único filho de druidistas que esteja trilhando o caminho dos pais... ainda. Então, como será que nossos pais, avós e seus antecedentes poderiam nos ajudar no Druidismo?

A coisa é bem mais simples do que parece. Boas maneiras, trato social, noções de higiene, respeito à natureza, noção de tribo, comunidade ou sociedade e senso crítico; tudo isso aprendemos observando os exemplos de nossos antepassados. Aí, ou os assimilamos cegamente, ou os revisamos segundo o discernimento e a paciência que nos caibam para chegar às nossas próprias conclusões. Não importa para qual lado formos, seremos o reflexo daqueles que vieram antes de nós, esculpidos em carrara ou na perfeita expressão de um negativo fotográfico, e o mesmo ocorrerá com relação às pessoas em quem depositemos nossa confiança para servirem de guias nesse caminho.

Falando em sacerdotes, a liturgia da religião você vai realmente precisar se esforçar ou para encontrar um que seja sério e o ajude a conhecer e caminhar pela senda dos nossos Deuses, mas a educação que recebemos – ou deveríamos receber – de nossas famílias é imprescindível para o aprendizado druídico. Livros eu já os indiquei aqui para quem quiser estudar, e o resto somente poderá ser atingido através da sua determinação.

Quanto aos que vieram antes de nós e deixaram o legado cultural, filosófico, religioso e arqueológico dos celtas, em especial o Druidismo, que eles nos sirvam de Inspiração e, quanto aos que passaram e não deixaram um legado verossímil, que estes nos sirvam de lição quanto à responsabilidade que teremos para com os que vierem depois de nós.


Aproveitando a fábula do cachorro, aniem sua segunda-feira ao som do "Rock da Cachorra", cantado por Eduardo Dusek. Acompanhe a Acompanhe a letra e o vídeo clipe desta canção bem-humorada da década de 80.

Com agradecimentos a Ana Cláudia pela música.

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