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Bardo da Ordem Druídica Vozes do Bosque Sagrado.

20 de julho de 2007

O Mito dos Sete Países Celtas

Este é um texto que ilustra bem o como é importante estudarmos e, principalmente, refletirmos sobre as fontes que nos são citadas como verdade. Nesta análise, o autor desvela um dos mitos mais encontrados por quem busca sobre o Druidismo na Internet: o mito dos sete países celtas.

Vamos ao texto:


    Um mito moderno criado durante o Romantismo defende a existência de sete "países" celtas "tradicionais", a saber: Irlanda, Ilha de Man, Escócia, Gales, Inglaterra, Bretanha e Galícia. De acordo com esse delírio sugerido em fins do século XIX e alimentado ao longo do século XX, sobretudo com a intenção de justificar certas posturas nacionalistas a partir de uma base "histórica", essas seriam as únicas nações de pura linhagem céltica nas quais surgiu e se desenvolveu a cultura que nos interessa. Mas a verdade é que essa civilização nasceu em pleno centro da Europa, a partir de duas ondas diferentes: a chamada Cultura de Hallstatt, no sul da Áustria, até o ano de 800 a.e.c., e de La Tène, junto ao lago suíço Neuchâtel, cerca de trezentos anos mais tarde. Os sete países celtas nada mais são que regiões européias em que o aspecto exterior, formal, de sua expansão melhor se conservou ao longo dos séculos, mas um milanês ou um esloveno podem também ter uma importante proporção de sangue céltico nas veias, em alguns casos incluindo talvez mais que um bretão ou inglês, por mais ímpia que pareça a semelhante opinião.

    Se é lógico, de todas as formas, que nos territórios do oeste europeu que não sofreram a invasão de outros povos com a mesma intensidade que o resto do Velho Continente encontremos com maior facilidade os rastros da lenda, apesar de aparecerem às vezes surpresas como a que nos apresentou em janeiro de 1996, o professor de Arqueologia Européia da Universidade de Oxford Barry Cunliffe, ao revelar publicamente a descoberta feita por uma equipe de arqueólogos do Museu Nacional da Irlanda a apenas quinze milhas de Dublin: os restos de uma grande fortaleza romana do século 1 ou 2 e.c, a que propósito Cunliffe qualificou de nada menos que "um dos assentamentos romanos mais importantes da Europa". A descoberta dessa fortaleza e de muitos dos restos encontrados ao seu redor, como as diversas moedas com nomes dos imperadores Tito, Trajano e Adriano, manteve-se em segredo por ordem das autoridades irlandesas por pelo menos 10 anos! E parece difícil que não se cumpram os esquemas dessa maneira. Até agora, pensava-se que a Irlanda e a Escócia eram os únicos territórios que haviam ficado a salvo das invasões romanas, e o certo é que nada leva a pensar que o enclave recentemente descoberto fosse outra coisa que uma simples cabeça de ponte do império que não prosperou muito tempo, mas essa é uma boa prova do difícil que é encaixar as verdadeiras peças do passado. Como o governo irlandês poderia questionar um dos principais valores de sua idiossincrasia como nação, um passado totalmente independente e diferente do imperialista vizinho britânico? Tudo o que não tira o mérito do riquíssimo mito celta que guardou para nós a memória gaélica (...).


Extraído do livro "Os Mitos Celtas" de Pedro Pablo García May. Coleção "A Chave Azul" - Editora Angra, 2002 - páginas 31 e 32.


Pense a respeito escutando "Toda Forma de Poder", cantada pleos Engenheiros do Hawaii. Acompanhe a letra e o vídeo desta canção, e reflita melhor sobre as informações que encontrar em suas pesquisas.

Com agradecimentos a Bandruir pela sugestão musical.

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1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Malhado,


Hoje, aqui, mais uma aula!

Com você, aprendemos deliciosamente.

Abraços, flores, estrelas..

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20 julho, 2007 20:13  

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