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Bardo da Ordem Druídica Vozes do Bosque Sagrado.

11 de outubro de 2007

Nuvens Brancas de Carbono Seco

Dirigindo pela cidade logo antes da primavera chegar em seu esplendor eu acompanhava os diversos focos de incêndio do cerrado e contemplava a fumaça erguer-se da vegetação seca. E como havia fumaça naqueles dias!

Todos os anos é assim, o céu de brigadeiro e em seguida a névoa branca de fumaça e um pouco de vapor d'água que não consegue se juntar em nuvens de tão quente que está a atmosfera pintando o final de agosto e o início de setembro. Chega então a primeira chuva, que às vezes de tão pequena sequer a consideramos, e a nossa primavera chega ao seu apogeu que diz o mundo ser seu início. Eles entendem a natureza de forma diferente.

Perto da virada para outubro, qual cavalaria vindo nos resgatar, nuvens brancas de promessa de uma chuva que ainda não chegou. E aguardamos, até que chega a primeira chuva, trazendo consigo a bênção de uma brisa úmida que torna o ar mais suportável, mas ainda nos sentimos no deserto.

Hoje, ao olhar para o céu, vemos nuvens, e não mais tão brancas. Nuvens cinzas dizem que não perdemos por esperar pelas chuvas. Mas a época chuvosa é cada vez mais intensa e curta, e suavidade que marcava a Primavera entre setembro e outubro agora está apenas na memória de quem vivenciou aqueles dias tranqüilos marcados por tempestades ocasionais. Hoje temos nuvens brancas de carbono seco, nuvens cinza de água ácida e o sol escaldante que será escondido apenas pelas nuvens de tempestade que estão por chegar.

E quando a tempestade vier, o céu desabará em vida, e o marrom seco do cerrado será um emaranhado de cores e tons exuberantes do verde, do qual sentimos tanta falta.


Aproveite esta véspera de feriado observando o solo à sua volta e aprendendo como sua região se comporta enquanto se delicia com "Song of the Storm", cantada por Emilie Simon. Acompanhe a letra e a tradução desta música, e aproveite para assistir a um vídeo desta canção feito num programa ao vivo de uma tv francesa.

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2 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Sabe que eu já apaguei vários incêndios à beira da estrada?!

Desço do carro, colho algumas ramagens, e fico batendo...

às vezes, me queimo.

Mas é bom!


Malhado, minha ignorância é às vezes enciclopédica: não sei quem é Dagda. Vou ter que procurar... rs!


Abraços, flores, estrelas.

12 outubro, 2007 13:52  
Anonymous Anônimo disse...

Legal, essa situação é parecida com a descrita nessa letra (um pouco longa, mas.. :-):


Final De Seca
(Jaime Caetano Braun
& Leonel Gomez)


Pras bandas do poente
Ergueu-se uma barra
Calou-se a cigarra
Assim de repente
E um som diferente
Ponteou de guitarra,
E um som diferente
Ponteou de guitarra

Lá longe, bem longe
Faísca e troveja
Silêncio de igreja
Com ecos de bronze
Nas preces do monge
No amém do assim seja
Nas preces do monge
No amém do assim seja

Tropeando a lonjura,
O tempo que berra
Farejo mais serra
Que o vento procura
E a chuva madura
Traz cheiro de terra
E a chuva madura
Traz cheiro de terra...
O tempo desaba,
O mundo se adoça
Na água que empoça,
Mais mansa ou mais braba
A seca se acaba,
E tudo remoça
A seca se acaba,
E tudo remoça

Nas almas sedentas
Não é diferente
As barras do poente
Que se erguem violentas
Depois das tormentas,
Acalmam a gente
Depois das tormentas,
Acalmam a gente

Se as safras perdidas
Tivessem gargantas
Podiam ser santas
Das searas da vida
São tão parecidas
As almas e as plantas
São tão parecidas
As almas e as plantas

Tropeando a lonjura,
O tempo que berra
Farejo mais serra
Que o vento procura
E a chuva madura
Traz cheiro de terra
E a chuva madura
Traz cheiro de terra
O tempo desaba,
O mundo se adoça
Na água que empoça,
Mais mansa ou mais braba
A seca se acaba,
E tudo remoça
A seca se acaba,
E tudo remoça...

12 outubro, 2007 16:34  

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