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Local: Brasília, DF, Brazil

Bardo da Ordem Druídica Vozes do Bosque Sagrado.

9 de agosto de 2006

Ambição e Ideal

"A ambição é o último recurso do fracassado"

Oscar Wilde
Quando comecei meus estudos espirituais eu não conseguia entender como algumas pessoas simplesmente conseguiam se enganar a ponto de seguir numa jornada rumo à própria ambição e não enxergarem o quanto se afastavam da senda que diziam buscar. Observei estas pessoas tornarem-se “sacerdotes” ou “terapeutas” durante muitos anos com essa dúvida em minha alma. Mas eu era apenas uma criança, então, e não compreendia os meandros da vida.

Com o tempo percebi que não eram a si mesmas que estas pessoas enganavam, mas aos que as procuravam, desesperadas por algum conforto emocional ou orientação espiritual. Estas mesmas pessoas, vitimadas por sua própria carência e credulidade, acabavam por prover a seus “mentores” com bem mais que mero sustento e realização profissional ou sucesso sacerdotal. Proviam-lhes com riqueza e, às vezes, fortunas inteiras enquanto acreditavam cegamente em suas absurdas mentiras, mesmo quando seus queridos a avisavam do golpe.

Longe de mim falar contra profissionais sérios da psique e da espiritualidade. Eu mesmo sou tarólogo há muitos anos e cobro pelas consultas que realizo. Não me importaria nem um pouco de ficar rico graças ao meu conhecimento e à minha experiência, angariada como tarólogo durante tantos anos da minha vida. Em minha opinião, o aconselhamento espiritual é uma das mais dignas profissões existentes, pois dá ao cliente um norte através do qual ele possa buscar suas próprias respostas, embasado pelo conselho de através de mim escuta, mas na verdade advindo de si. Sirvo apenas de canal e sei bem disso.

Longe de mim ainda levantar dúvidas contra a prática do sacerdócio, sua importância e sua necessidade tanto para o ser quanto para a sociedade, não importando o credo ao qual sirva, pois sou eu mesmo um sacerdote, um Bardo, dentro do Druidismo. O ofício do sacerdote também é ser um canal entre o que é divino para sua fé e aqueles que a celebram, e sem sacerdotes para auxiliar a quem precise de uma mão amiga nas trilhas do espírito muito mais pessoas estariam perdidas, buscando encontrar sozinhas um rumo e meio a um mar escuro e sombrio, sem qualquer amparo de um farol, ou mesmo o acalanto das estrelas e a luz da Lua para lhes mostrar os rochedos pontiagudos à frente.

Muito tempo se passou e o menino de outrora enxerga hoje com os olhos de homem, de Oráculo e de Bardo, e muitos detalhes os quais eu não enxergava antes estão hoje suficientemente claros para que eu possa externar algumas considerações sobre o que observei e vivenciei.

Todo terapeuta e todo sacerdote com quem encontro – e como esses ofícios se assemelham é algo impressionante – traz nos olhos as marcas de suas feridas. Não há um de nós que não tenha cicatrizes profundas, registros de nossas experiências e motivos de nossa jornada em prol do outro. Olhando através de seus olhos conheço muito de suas feridas e reconheço neles a força de seus ideais e de suas ambições, e todos temos estas duas energias dançando freneticamente em nossas almas.

Alguns as encaram como lados opostos de uma batalha onde cada qual tenta superar a outra, mas uma visão e uma vivência pagã do mundo fizeram-me compreender a importância de ambas e de mantermos o tênue equilíbrio entre elas. E para mim tem funcionado manter um equilíbrio saudável entre as duas energias, de modo que nem meu idealismo se perca no plano dos sonhos irrealizados nem minhas ambições tornem-me o algoz do sonhar alheio ou do meu próprio. Assim, mantendo balanceados estes dois lados de mim, vislumbro no horizonte o destino seguinte em minha própria caminhada e sigo meu rumo como caminhante, como terapeuta e como sacerdote. É então que consigo identificar quem não o faz ou perdeu-se tentando faze-lo.

Há os que perdem a “batalha” e ou tornam-se escravos de suas ambições, elevadas então aos patamares da ganância e do orgulho, ou perdem-se em num mundo particular de ideais e idéias incompatíveis com a realidade em que vivemos. Muitos sequer se percebem envoltos no turbilhão que os aprisiona, mas todos usam suas vestes e seus títulos, mesmo assim.

E com relação a todos estes perdidos em meio à inconsciência ou escravos de si mesmos, aconselho antes de qualquer coisa cuidado não apenas de saber identifica-los, mas de perceber seus motivos e processos ante de qualquer julgamento, pois todos nós usamos máscaras, e poucos são os capazes de enxergar o que há por detrás de tais artifícios. Bem menos ainda os de nós que consigam olhar-se no espelho despidos de qualquer uma delas. Cobrar de outro o que não somos capazes de fazer nós mesmos é hipocrisia, e em atingindo esse nível de compreensão, faze-lo torna-se um crime contra o processo de cada pessoa, pois assim como precisamos de tempo para seguir nosso aprendizado de acordo com nosso próprio ritmo, é preciso respeitar o curso dos acontecimentos na vida daqueles com quem travamos contato.

Em segundo lugar, respeite tanto a si quanto àquilo que busca. A má fé alheia deve ser exposta sempre que possível, não pelo prazer do escárnio, mas para sua voz tornar-se um marco visível a quem queira proteger-se de abusos alheios ou mesmo quem esteja realmente interessado numa busca mias séria. Lembre-se sempre de que a grande maioria das pessoas as quais julgamos vítimas está na verdade implorando para alguém as fazer ovelhas de seus rebanhos, seja como clientes ou asseclas, e este é o momento delas vivenciarem essa experiência e aprenderem suas próprias lições. Simplesmente deixe-as viver como precisam e viva com responsabilidade suas próprias escolhas.

Por fim, tenha paciência consigo, pois você também é um ser humano, dado a falhas e com muito ainda a aprender. Sempre e para todo o sempre encontrando novas lições ao sentir o solo sob suas próprias pegadas e ao observar as deixadas por quem ali passou, nas areias do tempo.


Reflita sobre suas ambições e ideais escutando "Dust in the Wind", tanto na sua versão original interpretada pelo Kansas quanto na versão interpretada por Sarah Brightman.
Acompanhe também a letra através do link da música e clique aqui para conhecer a tradução.

Com agradecimentos a Cadu Nayrus pela Inspiração e a Cecília Lóes por não me deixar esquecer a frase.

4 Comentários:

Blogger Unknown disse...

Respeito. Para mim essa parece ser a idéia central do seu artigo. E realmente é ótimo quando suas escolhas são respeitadas, assim como os caminhos que se decide seguir.

É necessário respeito até mesmo para aceitar e não interferir ao perceber que o outro, ou vc mesmo, tem o direito de ficar cego por algum tempo.

Beijos.

09 agosto, 2006 17:25  
Anonymous Anônimo disse...

nem sei oq comentar
so sei dizer q 90% do q esta escrito mtos de nos podemos nos identificar.

lindo..

09 agosto, 2006 19:24  
Blogger Sombra Ruiva disse...

Olas...bem faz um tempinho que eu não apareço...
O que dizer? Falou tudo.

09 agosto, 2006 19:59  
Anonymous Anônimo disse...

Pena que o segundo sempre sai diferente do primeiro,hoje antes de ler seu blog,resolvi mudar meu perfil,pois estava pensando em algo parecido com esse texto do cara...!como sempre vc é bombástico,seu respeito e esse coração nobre,que mais parece ADAMANTIUM(metal mais valioso que o diamante,do qual se faz os foguetes,que são enviados pra fora da nossa órbita).Me sinto privilegiada pelos Deuses por beber dessa sábia fonte,e fazer parte de seu circulo virtual de amizades,vc naum existe,parece um conto de fadas,saido de um livro antigo!Naum quero morrer sem conhecê-lo e conversar contigo,adquirir conhecimentos e beber um pouco dessa energia!
Que os Deuses ampliem e te protejam,cada vez mais em sua jornada!!!ti amuuuuu!!!!

10 agosto, 2006 21:11  

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