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Bardo da Ordem Druídica Vozes do Bosque Sagrado.

5 de setembro de 2006

Uma Parábola do Tarô

Durante o treinamento de um sacerdote dentro do Druidismo – e já lembrando que apenas poucos druidistas são sacerdotes – é preciso escolher um instrumento oracular. Como eu já era tarólogo há 14 anos quando tornei-me Bardo, continuei usando meu bom e velho Tarô, enquanto aprendo também os intrumentos tradicionais da minha fé, em especial o Ogham e algumas técnicas de scrying.

Há quem diga ser necessário nos atermos apenas aos sistemas oraculares dos celtas, devido à mistura de culturas e informações durante o treinamento sacerdotal poder prejudicar nossos estudos, tornando-se uma mistura de conceitos que não condizem com a prática druídica. Concordo com a importância de se atentar para esse perigo, entretanto também sei que o Oráculo somos nós e não nossos instrumentos.

Assim, transmitido o recado sobre os cuidados necessários e tendo definido que o Tarô não é celta, eis aqui um texto muito interessante para quem queira entender como funcionam alguns dos seus Arcanos Maiores.

Vamos a ele!


Três arcanos maiores entram num bar cheio e escuro: O Hierofante, O Mago e O Louco. Sentaram-se a uma mesa e A Temperança trouxe para eles uma jarra de caipirinha enquanto A Imperatriz, já meio alta, recebeu a cada um com um grande abraço e um beijo.

O Louco não pode deixar de notar uma mulher encapuzada sentada num canto. Na sua frente havia uma grande caixa marrom dentro de uma esfera de luz branca brilhante que flutuava sobre a mesa.

"O que é aquilo!?" declarou O Louco, maravilhado.

"Aquilo", disse O Diabo do outro lado do bar enquanto acendia mais um cigarro, "aquilo vicia."

Os três arcanos maiores decidiram dar uma olhada mais de perto. A mulher se apresentou simplesmente como A Sacerdotisa. O Mago notou que a caixa tinha uma tampa que estava fechada e mencionou isso a seus amigos.

"O que há dentro?" perguntou O Hierofante.

"Vida!" respondeu A Sacerdotisa.

"O que é Vida?" perguntou O Mago.

"Ah", suspirou A Estrela, "a Vida é tudo o que você quiser que ela seja".

"Gostei da idéia". disse O Louco.

O Mago olhou para a superfície da mesa na frente d'A Sacerdotisa e viu 78 cartas em leque. Antes que ele pudesse abrir a boca, A sacerdotisa disse "Chaves".

"Ahhh", deduziu O Mago, "essas Chaves abrem o caminho para a Vida. Eu imagino como pode funcionar!"

"Cuidado", alertou A Lua, "As coisas nem sempre são como parecem ser".
"Eu destrancarei a caixa!" declarou O Hierofante.

O Hierofante empurrou O Mago de sua frente e sentou-se a mesa na frente d'A Sacerdotisa. "Essas Chaves", começou O Hierofante, "São ferramentas e instrumentos da minha fé. Se eu as arranjar de acordo com o que eu acredito, eu certamente destrancarei a caixa".

“Sim”, gritou A Forca, "A fé certamente fará isso!"

"Gostei da idéia". disse O Louco.

Então O Hierofante começou a arrumar as cartas de acordo com suas crenças e lentamente começou a construir uma Torre em volta da esfera de luz, confiante que ela agiria como um condutor, concentrando as energias de sua fé, e que esse poder iria destrancar a caixa. Levou algum tempo, e depois de 3 horas ele finalmente colocou a ultima carta.

Bum!!! Ouviu-se um som alto como um trovão, e se viu um raio de luz. A Torre de cartas explodiu e todas as cartas caíram ao chão.

O Mago riu e empurrou O Hierofante para o lado, para tomar seu lugar. “Essas Chaves”, disse O Mago, “são ferramentas e instrumentos dos meus pensamentos. Se eu os arranjar de acordo com os sistemas que eu formulei na minha cabeça, eu certamente destrancarei a caixa”.

“Sim”, disse O Imperador, “uma ordem sistemática certamente funcionara!”

”Gostei da idéia”, disse O Louco.

Então O Mago começou a arrumar as cartas de acordo com suas idéias em três pilhas, confiante na idéia que se ele as jogasse na ordem certa em volta da esfera isso concentraria as energias de seus pensamentos e destrancaria a caixa. Depois de 3 horas ele terminou de arrumar as cartas, e começou a jogá-las como um malabarista, fazendo oitos no ar.

Bum!!! Ouviu-se um som alto como um trovão, e se viu um raio de luz. A configuração de cartas explodiu e todas as cartas caíram ao chão.

O Mago balançou a cabeça e levantou, deixando o caminho livre para mais alguém tentar.

O Louco se aproximou e pegou todas as cartas.

“Gostei delas”. Disse o Louco e as pôs em sua sacola.

O Louco então se debruçou pra frente, estendeu um braço, abriu a caixa e pulou dentro.

O Mago e O Hierofante olharam um para o outro espantados, e depois para A Sacerdotisa. Ela sorriu e disse, “Eu nunca disse que estava trancada”.

Autor Desconhecido


Texto adaptado por Alexandre Malhado.


Pule na vida você também, escutando "All Star, do Smash Mouth.
Acompanhe a letra e a tradução pelo próprio link.

Com agradecimentos a Clarice Silvestre pelo texto.

4 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

amei o texto... muito bom também o texto antes, sobre a natureza humana. bons para aquecer esta terça feira gelada.

06 setembro, 2006 02:25  
Anonymous Anônimo disse...

UAUUU!!!! ADOREI!!
Hehehe... finamente bem humorado, o texto é realmente uma síntese do "clima" dos arcanos apresentados.
Me lembrou os textos sobre o surgimento da Camarilla, lembra deles?
Bjs!

06 setembro, 2006 12:12  
Anonymous Anônimo disse...

UAUUU!!!! ADOREI!!
Hehehe... finamente bem humorado, o texto é realmente uma síntese do "clima" dos arcanos apresentados.
Me lembrou os textos sobre o surgimento da Camarilla, lembra deles?
Bjs!

06 setembro, 2006 12:12  
Blogger Flor disse...

Ahhh que gracinha... =D...
Gostei!!!

Apenas lamento, em não conhecer muia coisa sobre Tarô... =/
Mas quem sabe um dia né.. eu tenha alguma boa oportunidade!
Por enquanto, fico com minhas formas pessoas (caseiras) mesmo, que costumo chamar de "Tarô de Tami"... hihi...

Bjim moço!

06 setembro, 2006 12:57  

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