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Bardo da Ordem Druídica Vozes do Bosque Sagrado.

11 de setembro de 2006

"É meu! É meu! É meu!"

Ou a "Síndrome de Povo Escolhido"

Esses dias precisei lidar com mais um dos que acham donos de uma doutrina espiritual, como se o fato deles seguirem um caminho qualquer os torne numa espécie de "povo escolhido" dentro do Paganismo – essa história não me lembra um povo pagão – e a partir daí todo o mundo lhes pertencesse. Em geral esse "grandes sacerdotes" têm pouca idade e uma imensa revolta em seus corações que os torna inaptos a guiar quem quer que seja, função primaz de um sacerdote.

Escrevo não pelo garoto, mas porque esse tipo de atitude é o reflexo de uma massa crescente em nosso meio, e denota algo absolutamente incompatível com o pensamento pagão atual: intolerância. Diversidade não é um conceito fofinho para colocarmos num caderno de receitas mágicas, e sim a compreensão de uma teia que nos envolve, da qual fazemos parte e sem a qual nossa existência não faz sentido.

E, por mais que não saibam o que fazem ou que sejam boas as suas intenções, essas pessoas são fundamentalistas de uma outra corrente de fé que não a Pagã, e se por um lado é dever dos nossos sacerdotes procurar instruí-los quando nos procuram, é também nosso dever zelar pela qualidade da informação transmitida àqueles que procuram com seriedade uma das diversas correntes pagãs, a fim de evitar que caiam no mesmo delírio dessa idéia de "povo escolhido" no qual essas pessoas se perderam.

O difícil é achar a correta medida entre auxiliar os que chegam e, somente quando procurados, a esses novos fundamentalistas, os quais quase nunca estão interessados em discutir idéias, mas em sua cruzada pela conversão de nós, "infiéis". Resta-nos então a delicada tarefa de esclarecer a quem possamos sobre o pensamento pagão antes que seja ransformado numa corruptela qualquer de alguma doutrina que em nada reflita nossas crenças e costumes, e só prejudique a comunidade pagã. Isso tudo sem nos tornarmos fundamentalistas, também.


Pense no que tem feito a respeito escutando "Everybody Wants to Rule the World", do Tears for Fears. Acompanhe a letra pelo próprio link e a tradução por aqui, a assista também ao vídeo clipe.

Com agradecimentos a Gustavo "Brujah" Mattioni pelo link do vídeo.

4 Comentários:

Blogger Flor disse...

Uma marquinha, para mostrar-lhe que estou passando por aqui...

Mais tarde, comento sobre os textos.. =)

Beijos Bardo!

11 setembro, 2006 18:57  
Blogger Nika disse...

Oi Tio Malhado!! hehehehe...

Correndo só para te deixar um beijinho!! Depois eu leio o texto com tempo, aproveitando que liberaram tudo aqui no serviço para passar e dizer OI!

12 setembro, 2006 10:56  
Anonymous Anônimo disse...

Fui, li e fiquei pasma.
Quis postar por lá a minha bestificação por se fazer um vespeiro de algo que deveria nos acrescentar, engrandecer... mas era tarde e tenho acordado às 5:00am para trabalhar... dureza... as opiniões ficaram para depois.

Mas, enfim. Cada qual é cada qual e uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

As argumentações furiosas me lembrou de uma circunstância em que meus filhos discutiam sobre a qualidade de seus brinquedos.

Filhos de pais diferentes como são, também têm avós diferentes. A um foi dado um carrinho de controle remoto. Ao outro uma coleção de carrinhos matchbox. A mim foi dada a sarna de manter o ego de cada qual a níveis aceitáveis (ou ao menos suportáveis). Obviamente, como dois e dois são quatro, eu os encontrei brigando, à beira da agressão física, sobre as vantagens dos brinquedos, cada qual tentando demonstrar que o seu era melhor.

Numa das poucas vezes em que o meu humor (ele é ruim, aviso aos navegantes... muito ruim...) não interferiu (o que os salvou de serem pendurados pelos pés ao sol), consegui fazer com que se calassem e me ouvissem (ok... precisei gritar para que calassem...) e disse algo como: "O que importa não é o tamanho do brinquedo, a cor, a forma, o que ele faz ou quanto custou. O que importa é o prazer que vocês sentem ao brincar com ele. Portanto, o brinquedo de vocês vale a mesma medida do tamanho da felicidade de vocês por brincar com ele. Entenderam?"
Bem... um entendeu. E me disse, me olhando de modo tão maduro, do alto de seus 6 anos: "Tem razão mamãe. E eu estou muito feliz. Então meus brinquedos valem um montão pra mim!"
Para a minha surpresa, não obtive a reação que eu esperava do mais velho. Ele continuou a se vangloriar de ter o carro mais caro e tecnológico. Para ele, o prazer que ele sentia no brinquedo era justamente o do status que ele proporcionava. E não a brincadeira em si.
E o verdadeiro ensinamento veio pra mim. Os seus parâmetros de valor não são os mesmos de mais ninguém. Eles podem até ser parecidos, mas cada um tem algo diferente.
No caso do vespeiro anteriormente citado, o fator diversidade jamais terá importância para o garoto, uma vez que o status é mais importante. Ele não valoriza a brincadeira, mas o status que ela proporciona.
Enfim... esmurrar portas muito bem fechadas e hermeticamente seladas não me parece producente. Prefiro dar a volta... e entrar sorrateiramente pelos fundos...

12 setembro, 2006 15:39  
Anonymous Anônimo disse...

uau, gostei pacas dessa 'é meu, é meu, é meu'.
o titulo do seu blog tbm é bem bolado, já te perguntara porque sorveira e carvalho? eu li Robert Graves e conheco o ogham.
passe no meu space e tome uma bebida por conta da casa.

14 setembro, 2006 21:14  

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