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Bardo da Ordem Druídica Vozes do Bosque Sagrado.

4 de junho de 2007

Escrita, Gramática, Sentimento e Simplicidade

Confesso, eu sou um purista. Leio e releio meus textos, em busca dos erros de português cometidos devido à minha pressa ou a minha inabilidade no teclado. Escrutino linha a linha, às vezes anos depois de pronto o texto, em busca de uma forma de deixá-lo mais claro para o leitor e, assim, apaziguar o crítico em mim.

E lendo textos como o que trouxe hoje que de vez em quando sou lembrado de que, no fim, todo o meu stress, toda a minha agonia e todo o meu sofrimento apenas servem para desviar-me no objetivo central do texto: sua mensagem.

Claro, puristas como eu sacam rapidamente algum argumento universal contra esse tipo de pensamento. Sempre algo como “uma vírgula pode mudar todo o sentido de uma frase” ou qualquer outra justificativa que, sim, são verdades. Uma justa preocupação com a transmissão perfeita de uma mensagem. Uma perfeição quase utópica.

No entanto, precisamos de poetas. Precisamos de escritores, precisamos do sonhar e daqueles que nos tragam informações através das quais cresçamos como profissionais, como pessoas e como povo, mas em nossa busca pela perfeição da escrita também precisamos atentar para não jogamos fora o conhecimento. E por medo de transmiti-lo nós o abandonamos e ele se perde.

Por isso existem os Bardos, e para isso precisamos de poetas. Nossa mensagem precisa transcender os limites dessas linhas e da correção gramatical para atingir cada um de acordo com seu nível cultural, sua própria experiência de vida e seu histórico pessoal, semeando poetas à medida que nossas sementes germinam: aos poucos.

Deixe o mundo escutar as palavras que brotam do seu coração. O aprimoramento da língua, que é sim importantíssimo, você pode busca-lo aos poucos, mas o que precisa ser dito, uma vez inspirado e pensado, precisa ganhar asas e seguir aos corações alheios. Eu aprendo a caminhar melhor a cada dia e às vezes também tropeço em meus próprios passos, mas meus passos seriam robóticos não fosse eu prestar atenção na mensagem e na responsabilidade de transmiti-la, apesar dos meus medos.

Este texto lembra-nos exatamente disso, e a dor de cabeça que fiquei ao lê-lo ensinou-me que precisava revisar minhas prioridades, deixar a gramática de lado e dar-me a oportunidade de saborear mais este fruto que colhi à sombra de uma árvore sagrada.


Presiza-se de Poetas

Como diria um amigo: “Essa poesia está um orror”. Mas seria eu uma esceção? Talvez preciso melhorar meu português, quem sabe uma acessoria pudesse ajudar. Tempo verbal não sei muito como utilizaria em meu dia a dia. Hortografia não é meu forte. Síntasse e semântica nem pensar. Como ser poeta então se me falta o básico, saber escrever.

A poesia está ao alcance de todos. Não é só para cultos é também aos menos estudados. O verdadeiro poeta não se preocupa com a grafia, mas com o conteúdo do que se escreve. Para ele pouco importa se assistiu um conserto ou à um concerto, o que vale é estar lá naquele momento, sentir o calor humano, sentir a sinfonia, sentir o palpitar do coração e depois tentar transmitir, a outros, via escrita, aquela maravilhosa sensação.

Estamos menos poeta e mais rigorosos com os outros e conosco a cada dia. Nos preocupamos mais em pedir duzentos e não duzentas gramas de presunto do que com o ato de saboreá-lo. Nos preocupamos mais em corrigir o cumpadi enquanto ele nos conta um causo do que em ficar em silêncio e ouvir o que ele tem para nos dizer. Nos preocupamos tanto com o falar/escrever correto que deixamos muitas vezes de nos comunicar.

O mundo não seria menos triste/cruel/inseguro/violento se todos soubessem falar/escrever corretamente, mas com certeza teria um sentido maior, um brilho melhor se ouvíssemos mais os umildes, não porque eles tem algo que nos intereça, mas porque tem o seu devido valor. O fato de eu ir no cabeleireiro não me faz diferente daquele que vai ao cabeleleiro. Não sou maior ou menor porque como berinjela e não beringela.

O mundo precisa de mais amor, de mais humanidade, de mais poetas.
Todos somos poetas. Não importa cor, nacionalidade, o quão bem escrevemos, o que verdadeiramente importa é o que sentimos, é o que conseguimos transmitir ao falar/escrever. Isto é ser simples. Simplicidade também é poesia.

Fernando Barbosa


Por isso os Druidas não escreviam. Diziam que escrever engessa as histórias (ou estórias, ou mitos, ou o que se conte), pois isso tira a emoção do contador, fator essencial à transmissão da mensagem. E mesmo sem terem deixado praticamente nada escrito, ainda há quem procure vivenciar hoje em dia a sociedade celta como ela foi há dois mil e tanto anos atrás, ignorando que a mensagem precisa ser absorvida de acordo com a época em que vivemos.

Esquecem-se do essencial. Esquecem-se da simplicidade.


E falando em poesia e simplicidade, delicie-se com a Tristeza do Jeca, seja no arranjo rústico e bucólico de "Tonico e Tinoco", seja na voz melodiosa e no arranjo moderno de "Almir Sater". Acompanhe a letra corrigida pelo próprio link desvende a emoção despreocupada nos versos de um jeca pela letra original, que além de combinar perfeitamente com o que este texto propõe torna mais fácil entender porque a escrita engessa o sentimento, principalmente quando preza mais pela correção do texto do que pelo que ele diz.

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1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Também sou meio purista.


Mas uso algumas "lissenças"...


Abraços, flores, estrelas.

05 junho, 2007 17:05  

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