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Bardo da Ordem Druídica Vozes do Bosque Sagrado.

6 de dezembro de 2006

Druidismo, uma Religião.

Hoje recebi uma pergunta que todos nos fazem e para a qual acho que a resposta deve ser bastante clarificada e difndida: "se o conhecimento dos antigos Druidas se perdeu, então como é possível adotar o Druidismo como religião"?

Geralmente, essa informação de que o conhecimento dos Druidas está perdido é encontrada em livros que já foram publicados há muitos anos ou estão na contramão so avanços científicos modernos, e é sempre preciso lembrar que um livro tem data de publicação e retrata apenas realidade até a época em que foi escrito, isso sem contar as influências sociais, filosóficas e religiosas do autor. Muito tem sido encontrado por arqueólogos e historiadores sobre os povos celtas, e muitos livros, entre eles dois dos quais eu costumo indicar como excelentes fontes sobre Druidismo, são livros já bastante "datados", servindo ainda para quem se interesse por esta religião ou pelos celtas e seus costumes, cultura e mitologia. Através deles podemos começar um estudo sério com uma base bem elaborada, mas sem qualquer pretensão de levá-los como verdade absoluta, uma vez que os autores ativeram-se à realidade dos fatos da época em que escreveram.

Estes dois livros são "Os Celtas", de Robin Place, e "Os Druidas", da Ward Rutherford, e continuo a recomendá-los, sempre com o cuidado de atentar para a época em que foram escritos.

Tudo está sujeito à mudança, e a ciência tem encontrado cada vez mais informações sobre os povos celtas, sua mitologia e a liturgia de sua fé, mas há ainda muita informação que precisa ser preenchida por quem queira seguir o Druidismo como religião.

Então, como podemos chamar o Druidismo de religião?

A resposta é bastante simples. Temos elementos litúrgicos suficientes para saber como era o Druidismo nos tempos antigos e como podemos fazer para adaptá-lo à realidade que hoje vivemos sem perder sua autenticidade neste processo. Sabemos que:

— O Druidismo é a antiga religião dos povos celtas. Todos eles. Mas que existiam pequenas diferenças no culto de região para região e mesmo de tribo para tribo;

— Ele é uma religião politeísta, centrada nos Deuses dos povos celtas, e estes Deuses nunca chegaram a formar um panteão, mesmo nos dias atuais, sendo que muitos sequer têm seu nome ou imagem preservados, com é o caso Daquela que hoje chamamos Deusa Lua, e que na época tinha nome e culto definidos como todas as demais divindades daquele povo;

— O Druidismo tem uma subdivisão tríplice de seu sacerdócio, sem hierarquia entre seus ofícios: Bardos, Ovates e Druidas, e que cada ofício tinha um papel bem definido na sociedade celta, assim como nos dias de hoje os têm nas sociedade em que esta religião faz-se representada;

— Muito de sua prática foi perdido ou deturpado por quem contou a história dos antigos Druidas, mas a forma dos ritos, desde que seguidos os preceitos da religião, pode ser adaptada, uma vez que a mudança é um dos preceitos druídicos mais difundidos.


Seguir uma religião é fácil, mas reconstruí-la, e ainda por cima adaptada a uma realidade, uma cultura e muitas necessidades bastante diferentes da que os livros de história nos relatam que eram as antigas, é um processo minucioso e extremamente complexo. Então, seguir o Druidismo como religião não é o maior dos problemas encontrados por quem o deseje, mas encontrar fontes confiáveis, este sim é um grande desafio.

Ainda mais quando paramos para analisar a realidade brasileira, um país de baixíssimo poder aquisitivo, com uma população acomodada e acostumada a não pesquisar as fontes das informações que recebe ou mesmo buscá-las por conta própria, preferindo o acesso fácil e o conhecimento mastigado, mesmo que deturpado, mas a respeito do qual não seja necessário refletir.

Elementos para seguirmos o Druidismo como religião ainda são difíceis de encontrar não só devido à falta de literatura traduzida para português e à romantização dos celtas e de sua fé, mas principalmente devido à nossa apatia em definir o que queremos e, a partir daí, procurarmos ser mais fiéis à nossa busca que a nossos medos ou desejos.

Na medida do possível, e à medida em que pessoas sérias tanto no meio religioso quanto no meio científico disponibilizarem seus textos e trabalhos ao grande público,
informação de qualidade aparecerá para aqueles que estejam dispostos a procurá-la de forma consciente e crítica, não pelo simples prazer de discordar, que é fácil, mas pela necessidade de aprofundamento.


Que os Deuses pousem suas bênçãos sobre ti, enquanto escuta "The Mummer`s Dance", composta e interpretada por Loreena McKennitt. Acompanhe a letra pelo próprio link e a tradução clicando aqui.

Com agradecimentos a Guilherme Costa pela Inspiração.

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4 Comentários:

Blogger Su disse...

Aguçou mais ainda minha curiosidade!
Uma das minhas 101 metas é deixar de lado a "preguiça" e continuar meus estudos!
Ô século 21 difícil!
Beijos e obrigada pela inspiração!

07 dezembro, 2006 13:54  
Blogger Luciana Onofre disse...

PC EM EVOLUÇÃO GUAPO...

09 dezembro, 2006 16:06  
Blogger Malhado disse...

Verificar:
1 ; 2 ;

10 dezembro, 2006 21:08  
Blogger Pensamentos e Sentimentos de um Druida Verde disse...

Nem todos nascem para serem falcões,mas isso não quer dizer que estes perdem sua sacralidade por conta disso, dentro do druidismo existe esse conceito de unidade e as funções dentro destes são mais para colocar ordem do que para por em superioridade um ou outro;Acho que é preciso começar a usar os elementos que possuem a nivel de informações para começar certo,não se inventa druidismo( e nem estou dizendo que alguém afirmou isso), a essência é sempre a mesma,o que adaptamos é a forma tal qual nas lendas onde a transformação em animais, era usada,assim é com o druidismo,os oficios em sua essência sempre serão os mesmos,mas sua ação que vai se moldar as novas manifestações dessa comunidade druidica.Ser tradicional é primar pelo que é oriundo da natureza e suas leis imutáveis e seja o druidistas ou os sacerdotes e outros,estes sempre vão estar seguindo as diretrizes da natureza que é essência,e por isso seja agora ou daqui pra frente,isso não importa pois estamos ligados a imutabilidade das leis da natureza,que molda-se mas somente em seu veiculo superficial,é preciso deixar bem claro essa colocação na cabeça das pessoas,o druidismo é mutavel?,não, adaptavél que é bem diferente,e como toda a fé está baseado em algo maior ao que chamamos DEUSE(A)S,estes sim são os condutores e são variados com personalidade própria,vestem a personalidade do clã aos quais se revelam,mas jamais se contradizem em sua essência,é a roupagem que alguns dão de forma inadequada a estes que cria as contradições,ou mesmo a idéía precipitada de poder-se criar um druidismo e este não se cria se transforma em seu veiculo de manifestação e molda-se para melhor servir os filhos dessa graça mas sua essência sempre é a mesma ...
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O DRUIDA VERDE

08 setembro, 2007 01:07  

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