A Sorveira e o Carvalho

Material de Estudo Sobre Druidismo e Celtas
Agora atualizado apenas no novo site:
http://bardomalhado.wordpress.com
 

Nome:
Local: Brasília, DF, Brazil

Bardo da Ordem Druídica Vozes do Bosque Sagrado.

4 de novembro de 2010

Voltei, mas em novo endereço!

Olá! O que você está fazendo aqui?

Se você procura pelos meus textos antigos, está no lugar certo, mas eu voltei a escrever já há algum tempo, então se você quiser ler os textos mais recentes, visite meu novo endereço:
 



Aguardo sua visita no novo site. E como o blog agora é apenas parte do que existe lá, navegue pelo menu quando visitar o novo espaço!


Alexandre Malhado

Marcadores: ,

27 de agosto de 2008

Silêncio... simplesmente o tênue silêncio.

Por um tempo eu cumpri minha promessa para com os Deuses: blogar a todo momento que eu pudesse.

Por um tempo eu produzi diversos artigos que estão aqui guardados, além de outros textos e Inspirações que tive.

Por um tempo eu achei que fosse suficiente, e que as pessoas leriam e eu ajudaria ao menos alguns poucos a compreender o Druidismo e o Paganismo.


Foi quando me decepcionei com o mundo onde é mais fácil e, sim, divertido destruir o que os outros constroem ou simplesmente pedir que tudo lhe seja dado de mão beijada, numa bela bandeja de prata e gratuitamente, como se o sacerdócio não fosse um ofício e sim uma escravidão ante aos egos de quem não pensaria duas vezes antes de deturpar o que pudesse para então seguir "à sua maneira" como se religião fosse algo customizável como tanto prega a mídia.

Não deixei de entender que cada um tenha a sua maneira de seguir uma fé, mas jamais me deixei iludir de que se possa utilizar de um nome para nos rotularmos como desejamos. Eu sempre soube a métrica, o peso e a responsabilidade de se respeitar aquilo que se pretende seguir, e sempre tentei abrir os olhos dos meus leitores quanto a isso.


Então eu parei de escrever. O coração partido e endurecido por tantos motivos que não caberiam em meu tempo sequer numerá-los. Foi quando eu morri mais uma vez. "O peso do manto vermelho", como digo, acabou por me colocar diante de uma prova que demorei para sequer compreender.

Bardo... um sacerdote em treinamento – não suporto as pessoas que dizem ser mais do que realmente são ou ter mais tempo dentro de um caminho do que realmente tenham porque isso é simplesmente mentira. E não me pretendo imune a ela, tampouco – eu estava apenas tentando entoar palavras que tocassem os corações alheios. Sempre fui fiel à minha escolha e cônscio da minha responsabilidade, algo infelizmente raro no meio pagão "famoso" como acabei me tornando. Mas a fama do blog nunca me incomodou. Tampouco enalteceu meu ego pois sempre me policio quanto a isso. Na verdade eu sempre senti o peso dele como uma montanha crescendo sobre meus ombros, onde brotavam árvores pelas quais sinto-me eternamente responsável. Exupèry tinha razão, neste ponto.


Foi quando ergueram-se vozes, e essas vozes sabem exatamente quem são, falando da importância desse trabalho em seus caminhos, ou mesmo em momentos desses caminhos. Foi quando eu parei e vi as tantas pessoas que, junto comigo, perderam um pouco de si quando silenciei as teclas de meu computador e parei de escrever. Nada disso mudou minha decisão de não mais escrever pois faltava algo.

E por meses eu não soube dizer o que era com precisão. Sabia que algo estava maturando em mim e em meu sacerdócio, mas as palavras não me ajudaram a compreender este processo.

Acho que poucos dos que lerem conseguirão compreender a solidão e a dor dessa noite que vivenciei. Alguns acompanharam parte do processo, mas se eu pudesse dar um conselho baseado em tudo isso a única idéia que me vem à mente é preste muita atenção à sua dor, mas jamais se esqueça de que ela é apenas transitória.


Então veio a música. Comecei a estudá-la e através do alaúde (no qual sou iniciante) e das flautas (nas quais sou péssimo, admito que por pura indolência) descobri outra linguagem, através da qual compreendi muito do que os Deuses me disseram.


Hoje senti-me finalmente apto a tomar um passo que ensaiei por meses, e este blog chega ao seu fim. Tudo o que eu poderia falar para quem precisa começar está aqui, entremeado em pensamentos e descobertas minhas. Não mais escreverei aqui e ele ficará assim, testemunha de uma época que não tem porque voltar.

Despeço-me com um convite, pois o blog termina e muda seu endereço, uma vez que o endereço antigo agora será utilizado para um novo projeto. Um projeto mais maduro e amplo, onde continuarei de onde parei há algum tempo atrás.


Ainda preciso de muita reflexão (e com certeza alguma ajuda) para fazê-lo tomar forma, e não sei em quanto tempo ele estará no ar. Mas tenham certeza, tanto os que aqui sempre vieram quanto os que por aqui andarem, que este tênue silêncio tão duradouro irá traduzir-se em frutos muito mais nutritivos para quem os queira saborear.

E assim, voltarei a cumprir mina palavra com os Deuses. Não por escrever todos os dias, mas por escrever quando necessário, e o que seja necessário dizer.


Mas, até que chegue este tempo, despeço-me dos que fielmente ainda vêm aqui com um sorriso e um sincero

ATÉ BREVE!!!

Get this widget| Track details|eSnips Social DNA



Alexandre Malhado, com agradecimentos especiais a todos que sempre me incentivaram (e incentivam) a continuar.

Marcadores: , ,

21 de janeiro de 2008

"Indolentes...

...é o que vocês são: indolentes"...

E assim, neste pensamento circular, fomentei minha ira e curti no fogo de minha decepção o restolho de meus esforços em partilhar minhas experiências e descobertas, pois não é isso que a maioria dos que me lêem deseja. A maioria quer a fácil resposta que não lhes incomode à vida e outros, ainda, alguma resposta que lhes permita incomodar a vida alheia.

A praga do poder ou a mediocridade preguiçosa do descompromisso...

Mas o eco do vento vem e em meio à tempestade o sussurro das palavras de poucos que realmente desejam seguir uma busca, nem sempre a mesma que eu, afaga-me a face bem em meio à tempestade e me faz lembrar que algum proveito se tira deste espaço ou de minhas palavras, o que longe da batida vaidade leonina remete-me à responsabilidade taurina e à meticulosa autoanálise vurginiana e à severa crítica escorpiana que fazem parte de mim, como talvez disesse um amigo astrólogo meu se fosse analisar assim minhas tendências.


Mas calando-me, sucumbi eu também à indolência das massas, e cansado de buscar a cada passo do caminho, estagnei. Fiz uma pausa como falei em um antigo texto de um endereço de blog que não este. Invernei em meio ao verão à minha volta e não sei quando voltarei a fluir em Inspiração que, salvo esse lampejo, parece ter-me abandonado.

Mas sei que esta é também uma fase e que haverá o tempo de ler os blogs que amo mas não consigo acompanhar no momento por estar imerso em mim, nessa busca silenciosa e contemplativa que agora, apartada a ira e controlada a decepção, adentro.

Clarificada a visão, percebo que gritar contra a indolência alheia não é meu trabalho, mas auxiliar a quem realmente esteja interessado em escutar - ou neste caso, ler - minhas palavras, é.


Mas ainda preciso da pausa, mas precisava soltar meus dedos e discorrer sobre o fato de que, apressado em julgar a indolência alheia, não-raro confundi pausas necessárias à incomensurável decisão de refazer a vida e as crenças largando o fácil e confortável pelo abismo obscuro de um desconhecido ímpar o qual muitas vezes sequer saberei mensurar - uma vez que nunca partilhei do conforto em que essas pessoas estão - com a lerdeza morosa dos encostados e desinteressados nas palavras aqui escritas.

Mais uma lição a aprender, mais uma lição a partilhar. E justamente enquanto escrevia o último parágrafo encontrei a frase que, para mim, fecha tal lição com a perfeição de uma nota tocada por Lugh:

Feliz Dia Nacional de Combate
à Intolerância Religiosa


E até à volta, se e quando ela for, lembre-se dessa moça que não conheci definir quem é cantando "Enjoy the Silence", originalmente cantada pelo Depeche Mode. Acompanhe a letra pelo próprio link.

Acompanhe a letra e a tradução, e aproveite para conhecer o vídeo clipe original ou sua outra versão.

Dedicado a quem interessar possa.

Marcadores:

23 de outubro de 2007

Infinito Amor

"Não creio em amor que termine,
pois quando a paixão se vai sobra a companhia,
e quando a companhia se vai sobram as lembranças"

Alexandre Malhado


Desenho do Beijo de Peter Petrelli e Simone Deveaux na série Heroes


Tornado em mercadoria efêmera, o amor, seja ele o amor romântico, a amizade ou a fraternidade, vale menos a cada dia. O modelo de consumo e sua crescente influência, bem como a massificação do ser humano durante os séculos recentes teve um efeito devastador sobre as sociedades e sua forma de encarar o outro. Os valores sucumbiram, desaparecendo sob o peso do marketing.

Mas, mesmo o marketing não consegue matar o amor... e em meios às frivolidades da vida moderna sempre encontramos meios de nos lembrar da importância de amar. Agora o que precisamos é reaprender a fazê-lo.


Encontre o amor, na forma que vier, ao som de "The Captain of Her Heart", cantada por Double. Acompanhe a letra e a tradução desta música.

Com agradecimentos a Edson Marques pela Inspiração e a Michele (Neptunia) pela imagem.

Marcadores: ,

13 de outubro de 2007

Dia Cinzento e Melancólico

Amanheceu um dia cinza, e o desalento em minha alma olhava para o céu como quem vê confirmada a certeza de que nada dá certo e tudo está estagnado.

Os pássaros cantavam em vão a beleza de suas notas, e meus olhos gotejavam mágoa enquanto minha dor gritava forte que eu precisava explodir.

Mas, contido, eu não o fazia.

Por fim veio o sol da aurora, o barulho da cidade acordando e a plenitude de vidas se movendo... e eu só, escutando minha voz na mente ensaiando possibilidades de um passado que já não posso recuperar.

A única opção é seguir em frente, engolir a dor e seguir.

Até que uma palavra ou um gesto de alguém inesperado me lembra de que o cinza é porque a chuva veio trazer o verde e a cor de volta à minha vida. Vejo que nenhuma dor é sinônimo de ocaso, e que os pequenos encontros que temos, nos momentos mais improváveis de nossas jornadas, podem ser momentos gigantescos em nossas existências.

De súbito percebo um som. Ah, sim... são os pássaros! E que belo dia!

Tristeza? Não há. Ficou apenas a sensação boa de não estar só.

Que diferença fazem as palavras que nos são ditas de coração pelos nossos queridos!

Alexandre Malhado


Aproveite a aurora ao som de "Acrilic on Canvas", do Legião Urbana, e enquanto desfaz a tristeza e as ilusões de seus dias, acompanhe a letra e o vídeo clipe desta canção.

Dedicado aos que confundem o cinza que promete as flores com a escuridão que mantém em suas almas. E essa escuridão, ela também passa.

Marcadores: , , ,

28 de setembro de 2007

O Prelúdio da Batalha

É tempo de guerra, e uma brisa suave com cheiro de morte se aproxima. Espadas em riste, escudos a postos, levantamos os olhos e miramos o horizonte cinzento e vazio.

Não há medo em nossos olhos, e ainda não há ninguém à vista, mas os corvos de Morrigu já vieram ter conosco e trouxeram a mensagem de que a batalha é iminente.

Labaredas crepitando em lugares distantes iluminam o céu de toda esta terra...

Sabemos, é tempo de verter e fazer verter sangue. É tempo de glória, tempo de lágrimas, de vitória e da dança de Taranis.

Um grito. Trombetas. Bandeiras ao alto. Começamos a caminhada rumo ao nosso destino.


Alexandre Malhado


Entre no clima escutando deste texto escutando "From The Inside", berrada a plenos pulmões pelo Linkin Park. Acompanhe a letra, a tradução e o vídeo clipe desta canção.

Dedicada a todos os guerreiros em alma.
Que haja paz.

Marcadores: ,

27 de setembro de 2007

Aceitar Uma Benção

Hoje a seguinte frase me foi dita:

"Quando eu chegar ao céu vou falar aos meus amigos
arcanjos que tive um amigo Druida e eles responderão:
Ele está no paraíso dos Druidas, agora
".

Pensei em guardá-la, segura, meu coração. Mas o que é um presente que não usamos serão um entulho? Descobri que havia uma lição ali que eu podia compartilhar.

Sempre falo em nossa defesa e de como nosso direitos são importantes. Sempre saio em defesa de nosso modo de vida e não raro arrumo problemas por causa disso, pois minha inconveniência em não seguir as "normas" raramente é compreendida como liberdade religiosa ou respeitada como direito. Hoje, entretanto, falo de convivência religiosa. Falo de sabermos aceitar um "vá com Deus", um "wassail", um "shalom" ou um "namastê".

Hoje falo de aceitarmos as bênçãos envolvendo uma divindade que não cultuemos ou sequer conheçamos, não apenas por uma questão de educação, mas por termos o dever de darmos ao outro o respeito que cobramos para nós mesmos.

Ao nos darmos essa oportunidade de abraçar a diversidade do outro, recebendo suas bênçãos conscientes de que essa energia é um ensejo de felicidade, prosperidade, saúde ou algo muito bom para nós, podemos traduzi-la em fonte pura disso, independente de nossas crenças ou das divergências que tenhamos.

Em adição, recebi da mesma pessoa uma história hindu que partilho agora:


A divindade dos homens

Conta uma lenda hindu que, num passado imemorial, todos os homens eram deuses, porem pecaram tanto que um dia Brahma, o Deus dos Deuses decidiu esconder a divindidade dos homens, onde essa jamais poderia ser encontrada.

Então um Deus sugeriu:

— Vamos enterrá-la...

Brahma discordou dizendo o homem poderia cavar e encontrá-la.

Então outro Deus sugeriu:

— Vamos colocá-la no fundo do oceano.

Brahma discordou e disse:

— O homem aprenderá a mergulhar e encontrar.

Outro Deus ainda sugeriu:

Vamos pô-la na mais alta montanha.

Brahma novamente discordou dizendo que o homem poderia escalá-la. Porém disse por final:

— Tenho uma idéia: vamos escondê-la dentro do próprio homem, ele nunca pensará em procurar ali.

Adaptado por Alexandre Malhado a partir do texto
Retirado do livro "As Mais Belas Parábolas", volume 2.


Aceite presentes e bênçãos ao som de "Skelling", de Loreena McKennitt. Acompanhe a letra e a tradução desta canção.

Com agradecimentos a Rafael Ocult pela frase pela história.

Marcadores: , , ,

23 de setembro de 2007

As Flores e o Distraído

E não é que achei flores ontem?

Caminhando por um shopping de decoração de casa, onde fui buscar um livro, surgem à minha frente centenas de orquídeas, cada uma mais perfumosa que a outra, explodindo cores e formas as mais variadas e belas. Senti-me em Hi-Brasil, e todas as mulheres que eu via estavam vestidas qual fadas, em cores exuberantes que nenhum druidista conseguiria deixar de notar que a primavera estava ali.

Pois é... eu não percebi...

Eu estava enebriado demais com tantos perfumes e cores. Simplesmente amo orquídeas! Esta semana eu me peguei pensando diversas vezes em como gostaria de ter uma em minha casa. E o perfume!!! Fiquei maluco com uma em especial, e dane-se a data, eu queria achar a tal flor!

Não achei, mas saí cheio de mudas lindas de orquídea e, claro, de uma já devidamente florida e exuberante!

Ok... poente, as cores róseas e violáceas cobrem o horizonte e vou com o pessoal comer um crepe que mais parecia um mamute, mas fui vitorioso na batalha, e enquanto comia vi crianças brincarem, casais namorarem e conversei da estação de chuvas que está por chegar e da seca que vivemos.

Falamos da Primavera, e mesmo assim não a percebi...

Cheguei em casa, mais farra com as visitas mais conversa e, por fim agora, enquanto continuava a conversa sobre a nova estação e o rito que faremos que entendi o óbvio...

A PRIMAVERA CHEGOU!!!

Moral da história? Mesmo quando estamos dormindo as fadas dão um jeito de lembrarmos das festas que promovem e para as quais nós, filhos dos Deuses celtas, somos convidados de honra!

Graças a Eles!!!


Feliz Primavera!!!


Acorde e olhe as flores ao som de "P.D.A.", cantada por John Legend. Acompanhe a letra e a tradução desta canção, mas não se esqueça de assistir a esse vídeo clipe gravado no Brasil!

Com agradecimentos a Ana Cláudia pelo lembrete e pela Inspiração, e a Aine pelos cutucões.

Marcadores: , ,

18 de setembro de 2007

Ventania

Bons ventos sopram em Brasília hoje. Eles vêm dando sinais de sua chegada há alguns dias, sussurrando novidades acerca da primavera cada vez mais próxima. Continua quente como se estivéssemos num forno, e quando as chuvas chegarem por aqui parecerá que estamos cobertos com um edredon de ar sob o sol a pino, enquanto dirigimos por ruas ensaboadas de óleo que causam tantos acidentes.

O hibisco amarelo em frente a minha janela de trabalho dança contente com a brisa, enquanto a planta a seu lado aguarda que o marrom-avermelhado do pó de Brasília seja soprado de suas folhas. A respiração é pesada, mas a claridade que faz doerem os olhos verdes — e nessas horas quem não o tem não sabe como às vezes incomoda tê-los tão claros — revela um céu de azul perfeito, puxado para o branco pois mesmo as nuvens não ousam ofuscar tal visão, e diluem-se no anil como névoa seca.

E em poucos dias o céu cairá em festa, lavando o pó e fazendo brotar vida por todo o lado. E as árvores em volta de nós serão mais e mais belas a cada dia, e o clima esfriará um pouco finalmente, e será o clima perfeito para a paixão e para a alegria.


Escute as novidades e a sabedoria trazidas pelos ventos enquanto ouve, ao fundo "Blowing in the Wind", em sua versão original com Bob Dylan. Acompanhe a letra e preste muita atenção na tradução desta canção. Delicie-se também com este vídeo.

Marcadores: ,

16 de setembro de 2007

Sobre Feridas, Coragem e Guerreiros

"Digno de admiração é aquele que,
tendo tropeçado ao dar o primeiro passo,
levanta-se e segue em frente"

Carlos Fox



Às vezes sentimos a vida carvar fundo em nossa alma, em ferro e fogo, a agonia de um instante o qual jamais esqueceremos. Depois sentimos a ferida abrir-se em dor, desespero e sangue, cutucada ardilosamente por um mundo cada vez mais cruel e desprovido de propósito.

Às vezes assistimos isso tudo acontecer diante de nossos olhos, e quem ainda tenha na alma brio suficiente para indignar-se gritam com o sofrimento do outro, sentem-no seu, sangram junto. Assim são feitos os laços que nos unem verdadeiramente: não no riso, mas na adversidade, na dor, na queda e na marcha final que nos leva à inevitável vitória, mesmo que tombemos no combate.

Pois não importará a batalha ou o seu resultado, seguiremos ombro a ombro com aqueles que pudermos olhar nos olhos e então reconhecermos neles pessoas dignas de estarmos ombro a ombro, enquanto seguimos rumo a qualquer destino que os Deuses nos tenham reservado.

Mas juntos, como parte da meia teia e na certeza de que, se morrermos na batalha, morreremos ao lado de irmãos, mas se sobrevivermos, é com eles que brindaremos à vitória.


Erga sua taça ao som de "Brothers in Arms", cantada pelo Dire Straights. Acompanhe a letra e a tradução desta canção, e pense a respeito assistindo ao vídeo clipe.

Para Ti. Que o sangue vertido de meu coração à minha boca torne-se em palavras capazes de levar a capacidade de indignar-se a mais alguém e reforce almas tão dignas quanto a sua. Muito agradecido!

Marcadores: ,

11 de setembro de 2007

O Que Fazemos

"O importante não é o que fazem do homem,
mas o que ele faz do que fizeram dele"

Jean Paul Sartre



Pensando sobre os atos de paz que tenho mostrado e os de violência que hoje lembramos, passei o dia me perguntando: "o que tenho feito com o que fizeram de mim? o bom e o ruim, as delícias e dores que estão carvadas em minha alma?"...

Cheguei à conclusão de que não faço o suficiente, ainda. Mas o que seria o suficiente, quando um verso às vezes pode mudar uma vida e um livro pode servir apenas para substituir papel-higiênico num banheiro de rodoviária?

Cheguei a outra conclusão: não sei o que é suficiente mas faço o que posso, e busco sempre melhorar esta marca.


Pense nisso escutando "Look What You've Done", do Jet. Acompanhe a letra e a tradução desta canção, e assista ainda ao vídeo clipe.

Com agradecimentos a Ronney pela frase.

Para Tiago.

Marcadores: ,

31 de agosto de 2007

Antes da Primavera

Surge no horizonte aquela linha fina de luz que quebra o apogeu da noite, e o orvalho frio brota do céu como um manto de vida sobre a terra dormente.
As plantas preparam-se para celebrar a chegada do Sol que avizinha-se destas terras, e em breve o calor transformará o manto frio em vapor de aromas e sensações para quem os souber apreciar.

O tempo muda, e transformando-se continuamente acorda a preguiçosa flora à nossa volta de seu sono invernal. É tempo de soltar botões, pois em breve o espetáculo da vida precisará de um belo cenário que combine com o canto dos pássaros e a exuberancia do sorriso da juventude que invade o mundo com sua alegria e vivacidade.

O espetáculo do nascente toma forma em matizes de cor fabulosos, refletidos na poeira suspensa que agiganta o espetáculo. A pele nos pede um pouco mais de calor ao mesmo tempo em que o acalanto dourado dos raios do nascente a fazem querer sentir a brisa da manhã. Assim na linha que divide o frio do quente, a abóboda celeste perfeitamente azul de um céu perfeito observa as nuvens se formarem no chão, na névoa perfumada da manhã.

Assim começou mais um dia do final de Agosto. Agora é noite, as estrelas dançam no céu, e aguardo ansioso pelo espetáculo de amanhã.


Alexandre Malhado


Celebre esta noite de sexta feira enquanto não chega a manhã do sábado escutando "In the Morning Light", tocada por Yanni.

Marcadores:

13 de agosto de 2007

"O que é um Amigo?

Uma única alma habitando dois corpos."

Aristóteles



O elo que se forma numa relação de amizade pode ser eterno. Basta sabermos cultivá-lo. Hoje não há muito a dizer, a não ser esta pequena homenagem e o agradecimento pela amizade e força que recebo dos amigos que sabem o quanto moram em meu coração e estão carvados em minha alma.

E se não sabem, que eu os possa lembrar disso.


Lembre os seus amigos de toda hora escutando "You give a little love", cantada por Paul Williams. Acompanhe a letra desta canção.

Com agradecimentos a Rafael Ocult pela frase, e especialmente dedicado ao meu médico e amigo de todas as horas, Dr. Ícaro Alves, que celebra hoje mais um ciclo de vida.

Marcadores: ,

12 de agosto de 2007

Aos Pais

É dia de nós, que semeamos a semente da vida e somos tão relegados por não termos a dádiva da gestação.

Dia de nós, que gestamos os sonhos de nossos filhos e fazemos o possível para ajudá-los a parturejem a si mesmos da melhor forma que soubermos. E torcermos por eles a cada instante desse processo.

Dia daqueles que foram filhos, e agora são pais. E dia dos pais que deixaram seus filhos, seja em vida ou em morte.

Dia dos filhos que deles lembram, como sonho, como tormenta ou como Inspiração.




Pai


Pai!
Pode ser que daqui a algum tempo
Haja tempo prá gente ser mais
Muito mais que dois grandes amigos
Pai e filho talvez...

Pai!
Pode ser que daí você sinta
Qualquer coisa entre
Esses vinte ou trinta
Longos anos em busca de paz...

Pai!
Pode crer, eu tô bem
Eu vou indo
Tô tentando, vivendo e pedindo
Com loucura prá você renascer...

Pai!
Eu não faço questão de ser tudo
Só não quero e não vou ficar mudo
Prá falar de amor
Prá você...

Pai!
Senta aqui que o jantar tá na mesa
Fala um pouco tua voz tá tão presa
Nos ensine esse jogo da vida
Onde a vida só paga prá ver...

Pai!
Me perdoa essa insegurança
Que eu não sou mais
Aquela criança
Que um dia morrendo de medo
Nos teus braços você fez segredo
Nos teus passos você foi mais eu...

Pai!
Eu cresci e não houve outro jeito
Quero só recostar no teu peito
Prá pedir prá você ir lá em casa
E brincar de vovô com meu filho
No tapete da sala de estar
Ah! Ah! Ah!...

Pai!
Você foi meu herói meu bandido
Hoje é mais
Muito mais que um amigo
Nem você nem ninguém tá sozinho
Você faz parte desse caminho
Que hoje eu sigo em paz
Pai! Paz!...

Fábio Júnior


Abrace seu pai ou leve seu pensamento até ele ao som de "Pai", cantada por Fábio Júnior. Acompanhe a letra desta canção logo acima e assista também ao vídeo original que apresentou esta música ao público.

E assim honro a memória e os ensinamentos de meu pai, Edivaldes, filho de Patriolino, e peço as bênçãos dos Deuses para futuro de Angello, Verônica e Lucas. Que os Deuses os acompanhem, pai e avô, em suas andanças pelo lado de lá, e abençoem meus pequenos em suas jornadas rumo a si mesmos.

Marcadores: , , ,

11 de agosto de 2007

Saudades e Lembranças


"Algumas saudades são como um vazio no peito.
Uma ausência de ar ao nosso lado, um vácuo.
A brisa que se esgotou antes de nos tocar a face.
Um devir caminhando rumo ao passado".

Alexandre Malhado



Algumas pessoas fazem falta em momentos importantes de nossas vidas. Podemos entristecer ao nos lembrarmos delas ou sorrir em agradecimento aos momentos em que marcaram em nossas vidas com belas memórias.

E jamais esquecê-las.


Lembre dos seus ao som de "Iris", fabulosa e deliciosamente entoada pelo Goo Goo Dolls. Acompanhe a letra e a tradução desta canção e, claro, não deixe de conferir o vídeo clipe.

Para meu pai, que me guarda e Inspira lá do Outro Mundo.

Marcadores: , , ,

14 de junho de 2007

Bênção da Vozes do Bosque Sagrado

"Que a tua roda gire suave e eterna,
que o caminho sob os teus pés seja qual grama macia,
e que à beira da estrada uma Bétula
sempre te ofereça o frescor da sua sombra"

Alexandre Malhado


Esta bênção, criada para ser a oficial da Ordem Druídica Vozes do Bosque Sagrado, eu tenho com muito carinho em meu coração. Como estou entrando de férias e provavelmente não estarei tão assíduo nos próximos dias, deixo essa energia a todos os que me lêem e prometo que já já lanço um artigo ou dois aqui no blog para não ficar sumido demais.


Aproveite este fim-de-tarde escutando "Amor de Índio", cantada por Milton Nascimento e sinta as bênçãos dos Deuses tocarem tua alma. Acompanhe a letra desta canção e assista ao vídeo clipe com Beto Guedes, o autor da versão original.

Marcadores: , , ,

8 de junho de 2007

Afinidade

A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil,
delicado e penetrante dos sentimentos.
É o mais independente.

Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos,
as distâncias, as impossibilidades.
Quando há afinidade,
qualquer reencontro retoma a relação,
o diálogo, a conversa,
o afeto no exato ponto em que foi interrompido.

Afinidade é não haver tempo mediando a vida.
É uma vitória do adivinhado sobre o real.
Do subjetivo para o objetivo.
Do permanente sobre o passageiro.
Do básico sobre o superficial.

Ter afinidade é muito raro.
Mas quando existe
não precisa de códigos verbais para se manifestar.
Existia antes do conhecimento,
irradia durante e permanece
depois que as pessoas deixaram de estar juntas.
O que você tem dificuldade de expressar a um não afim,
sai simples e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.

Afinidade é ficar longe pensando parecido
a respeito dos mesmos fatos que impressionam,
comovem ou mobilizam.
É ficar conversando sem trocar palavras.
É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.

Afinidade é sentir com, nem sentir contra,
nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo.
Quanta gente ama loucamente,
mas sente contra o ser amado.
Quantos amam e sentem para o ser amado,
não para eles próprios.

Sentir com é não ter necessidade de explicar
o que está sentindo.
É olhar e perceber.
É mais calar do que falar, ou, quando é falar,
jamais explicar: apenas afirmar.

Afinidade é jamais sentir por.
Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo.
Mas quem sente com, avalia sem se contaminar.
Compreende sem ocupar o lugar do outro.
Aceita para poder questionar.
Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.

Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças.
É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas
quanto das impossibilidade vividas.

Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou
sem lamentar o tempo de separação.
Porque tempo e separação nunca existiram.
Foram apenas oportunidades dadas (tiradas) pela vida,
para que a maturação comum pudesse se dar.
E para que cada pessoa pudesse e possa ser,
cada vez mais a expressão do outro
sob a forma ampliada do eu individual aprimorado.


Artur da Távola


Afinado com esta definição, silencio ante ao texto.


Tenha um excelente fim-de-semana ao lado de alguém com quem se afine, escutando "Like a Star", entoada qual sussurros por Corinne Bailey Rae. Acompanhe a letra e a tradução desta canção, e delicie-se ainda com o vídeo clipe.

Para minha musa e maior afinidade, Cecília. Com agradecimentos a Ícaro Alves pelo texto.

Marcadores: ,

18 de maio de 2007

Como Você Pulsa?

Borboleta num cubo de gelo.  Foto por Biwa Inc.
"Um dia precisei libertar-me,
e pensei que iria pegar fogo.

Sou exagerado. Tornei-me fogo
e jamais voltei a esfriar".

Alexandre Malhado



Poucas vezes paramos para realmente analisar quem somos. No máximo limitamos nossas reflexões a nos atribuir qualidades que nos enalteçam ou nos joguem mais fundo em algum poço no qual decidimos nos enfurnar. Narcisistas ou depressivos, raramente chegamos mais perto de saber quem somos e sempre estamos trabalhando as máscaras que gostaríamos de usar ou reforçando a estrutura daquelas que já usamos.

Duas coisas me definem: a tempestade e o fogo. Neles eu reconheço as maravilhas com as quais sou beneficiado, mas é principalmente através de cada um que eu vejo o poder destrutivo o qual me é inerente e o quanto alguns aspectos da minha personalidade precisam ser trabalhados ou já progrediram suficientemente bem até o momento.

Analisar-se é isso: utilizar-se das máscaras que utilizamos e dos aspectos com que nos identificamos para então nos conhecermos melhor e, a partir daí, descobrirmos nossa energia de modo mais consciente e afinado com quem realmente somos. Depois é só pulsarmos de acordo com ela.

Então, seja você o fogo ou o gelo, a tempestade ou a primavera, seja sempre que possível você mesmo, e pulse conforme as batidas do seu próprio coração. Com o tempo, não haverá mais lugar para máscaras que não sirvam na sua face, e as restantes serão apenas instrumentos de convivência com esse mundo às vezes tão diferente do que somos, mas onde é necessário estarmos.


Conheça o "Fogo" em uma de suas manifestações através dos acordes do Capital Inicial. Acompanhe a letra e não deixe de conferir também o vídeo clipe desta canção.

Com agradecimentos a Clara Temporal pela Inspiração.

Marcadores: , ,

17 de maio de 2007

Fadinhas e Peludos

Costumo chamar as mulheres com quem converso de fadinhas, e volta e meia alguma delas me pergunta por quê.

A história das fadinhas nasceu de um jeito carinhoso de eu chamar as amigas e de uma pergunta que uma delas me fez, do porquê eu chamava as meninas assim. Não titubeei e respondi:

— Fadas são seres que tornam o mundo mais rico e belo, como o são as mulheres.

Ela retrucou:

— Mas e quanto aos homens?

— Homens são feios, fedidos e mal educados – respondi – então eu os chamo de "peludos".

Ela, como apreciadora da espécie masculina, ainda nos defendeu. Graças aos Deuses, pois se todas as mulheres descobrissem o que é bom e se curassem da loucura que receberam Deles nós, peludos, estaríamos em maus lençóis.

Mesmo assim, como bom piadista precisa ter a última palavra, arrematei:

— Mas lembre-se, fadinha: fada por fada, uma Banshee1 também é uma.

E assim surgiu o termo.


1 – Banshee é um tipo de fada que com o seu grito anuncia a morte de quem o escuta. Estar perto quando ela emite esse som é uma passagem certeira e imediata para o Outro Mundo.


Com agradecimentos a Carolina (Lili) pela Inspiração.


Entre no clima e divirta-se ao som de "Eu Gosto de Mulher", cantada pelo Ultraje a Rigor. Acompanhe a letra pelo próprio link e confira também o vídeo clipe.

Marcadores: ,

2 de maio de 2007

Uma Expêriencia do Outro Mundo

E apesar de ter sido na véspera, este não é um texto sobre Samônios...

No dia anterior ao festival fomos eu e Cecília (druidesa de nossa Ordem) ao churrasco de uma de nossas "crias". Tudo correu bem até que, já no final da festa e após dos druidistas restarem apenas nós dois e a anfitriã, a casa foi invadida por quatro ladrões.

Trancaram-nos no banheiro e começaram a pedir os bens de quem estava ali. Acuados todos tentavam jogar seus pertences no box, onde eu estava. Coloquei o que pude nos bolsos e fiquei quieto, alguns dos pertences alheios juntadas à minha aliança de noivado, tirada do dedo e posta no bolso. Eles pareciam não me enxergar, mas ameaçam matar quem estivesse escondendo coisas.

Continuei ali, uma outra preocupação em minha mente. Cecília não estava conosco.

Eu estava frio, e falava num tom calmo e definido a frase "Cadê a Cecília" sempre que os bandidos saiam do banheiro. Os presentes me pediam calma com um olhar de medo cruzando meu olhar. Não sei ainda se por preocupação ou pelo semblante de predador que assumi no momento em que me vi ameaçado e, mais ainda, aos meus.

Cecília ainda sumida, os barulhos de quebradeira no quarto cessaram. Logo depois saímos em meio aos destroços do quarto da matriarca da casa, muito fora levado.

Não achamos Cecília.

Andamos por algo entre cinco a dez minutos, várias pessoas gritando seu nome e eu em silêncio, apurando os sons e procurando sinais que me levassem a ela. Eis que da esquina, uma voz indaga: "Você está procurando a menina morta"?

O coração parou, olhei para eles e seu semblante calmo e pensei: "provavelmente ouvi coisas. Vou verificar antes de qualquer reação".

Virei a esquina, nossa amiga na frente, gritando por Cecília pois ouvira a mesma frase dos homens na esquina. Foi então que a vi. Estava bem, sã, salva e me perguntando triste se tinham roubado nossa aliança de noivado, que tirei do bolso enquanto dizia que nada havia sido levado de mim.

Ela contou que estava no quarto, e que um ladrão ameaçou matar os que ali estivessem se não destrancassem a porta. Quando a outra moça passou ela foi atrás, mas o bandido não a viu e ela se via só no meio da casa, a mais ou menos um metro de dois bandidos de costas. Ela caminhou, caminhou e de repente estava do lado de fora da casa. Passara por mais um bandido, caminhando lentamente até a salvação que só uma invisibilidade abençoada pelas fadas pode explicar. Então foi a um vizinho tentar chamar a polícia sem sucesso.

Deviam estar muito ocupados para atender ao telefone.

Saldo do assalto? Pra a casa e muitos dos presentes, muito prejuízo. Para nós, graças à proteção das fadas e dos Deuses, saímos intactos e com todos os nossos bens. Muito de valor foi deixado para trás pelos assaltantes.

Quanto à polícia, só chegou 40 minutos depois, isso porque foi chamada pelo primo da vítima que é policial também – sei lá se teriam vindo, não fosse ele os chamar. Quanto aos bandidos, deixei seu destino nas sábias mãos de Taranis.


Da experiência fica a certeza de que nossos Deuses olham por nós e a lembrança de que devemos aproveitar a presença dos que nos são caros enquanto ainda estamos a seu lado.


Aproveite o novo ciclo lembrando que no ano que vem é você quem pode estar atravessando a ponte do Outro Mundo para visitar os seus, e vivencie o próximo ciclo ao som de "Chronicles Of Life and Death", cantada pelos Good Charlotte. Acompanhe a letra pelo próprio link e a tradução clicando aqui.

Marcadores: , ,