A Sorveira e o Carvalho

Material de Estudo Sobre Druidismo e Celtas
Agora atualizado apenas no novo site:
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Nome:
Local: Brasília, DF, Brazil

Bardo da Ordem Druídica Vozes do Bosque Sagrado.

28 de março de 2008

Eu Quero um Caramelo!!!


Caramelo, das tirinhas "Bichinhos de Jardim"

Sabe aqueles achados que te fazem pensar e relaxar ao mesmo tempo, com a medida certa de crítica, humor, mensagens que valem à pena ler e histórias gostosas como só as coisas escritas na medida do seu sorriso são capazes de ser?

Essas tirinhas são assim.

Nessas horas lembro-me desses tantos "bardos" em meio a nós que muitas vezes nem se dão conta das bênçãos que suas artes nos trazem, e por isso mesmo é importante lembrá-los de como o mundo é melhor graças a eles. E é sempre muito bom encontrar essas almas Inspiradoras tocadas pelos Deuses.

Leia de preferência a partir da primeira tira e na ordem de publicação (de baixo para cima nas páginas) que vale à pena, ou acesse direto pela imagem abaixo.


Conheça o blog com as tirinhas "Bichinhos de Jardim"


Delicie-se escutando "Aquarela", de Toquinho. Uma música que combina perfeitamente com a arte das tirinhas. Acompanhe ainda a letra e assista a uma animação desta canção.

Com agradecimentos a Clara Gomes pelas tirinhas e pela Inspiração.

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21 de maio de 2007

Cachorro Velho

    Uma velha senhora foi para um safari na África e levou seu velho cachorrinho Poodle com ela.
    Um dia, caçando borboletas, o velho cãozinho, de repente, deu-se conta de que estava perdido.
    Vagando a esmo, procurando o caminho de volta, o velho cão percebe que um jovem leopardo o viu e caminha em sua direção, com intenção de conseguir um bom almoço.
    O cachorro velho pensa:

    — "Oh, oh! Estou mesmo enrascado ! Olhou à volta e viu ossos espalhados no chão por perto. Em vez de apavorar-se mais ainda, o velho cão ajeita-se junto ao osso mais próximo, e começa a roê-lo, dando as costas ao predador.

    Quando o leopardo estava a ponto de dar o bote, o velho cachorro exclama bem alto:

    — Cara, este leopardo estava delicioso ! Será que há outros por aí ?

    Ouvindo isso, o jovem leopardo, com um arrepio de terror, suspende seu ataque, já quase começado, e se esgueira na direção das árvores.

    — Caramba – pensa o leopardo – essa foi por pouco ! O velho poodle quase me pega!

    Um macaco, numa árvore ali perto, viu toda a cena e logo imaginou como fazer bom uso do que viu. Negociaria com o predador seu conhecimento de que o poodle não havia comido leopardo algum, por proteção para si mesmo.
    E assim foi, rápido, em direção ao leopardo. Mas o velho cachorro o vê correndo na direção do predador em grande velocidade, e pensa:

    — Aí tem coisa!

    O macaco logo alcança o felino, cochicha-lhe o que interessa e faz um acordo com o leopardo.
    O jovem leopardo fica furioso por ter sido feito de bobo, e diz:

    — "Aí, macaco! Suba nas minhas costas para você ver o que acontece com aquele cachorro abusado!"

    Agora, o velho cachorro vê um leopardo furioso, vindo em sua direção, com um macaco nas costas, e pensa:

    — E agora, o que é que eu posso fazer?

    Mas, em vez de correr ( sabe que suas pernas doídas não o levariam longe...), o cachorro senta, mais uma vez dando costas aos agressores, e fazendo de conta que ainda não os viu, e quando estavam perto o bastante para ouvi-lo, o velho cão diz:

    — "Cadê o safado daquele macaco? Estou com fome! Eu o mandei buscar outro leopardo para mim!"

Moral da história: não mexa com cachorro velho... idade e habilidade se sobrepõem à juventude e intriga. Sabedoria só vem com idade e experiência.


Autor Desconhecido


Uma outra forma simples de moral que se pode atribuir a esta fábula é o quanto a experiência conta na hora de realizar um feito. Se há uma realidade na evolução dos nossos nascentes é que o vigor da juventude nos será cada vez mais insuficiente para conquistarmos nossos objetivos.

Com o passar dos anos surge a necessidade de nos adaptarmos, seja porque a preguiça nos tomou de assalto, seja porque as pernas não respondem mais tão bem quando um leopardo nos encurrala. Neste momento remeto-me mais uma vez aos nossos antepassados, os quais devemos encarar como inesgotável de Inspiração em nossos passos na senda druídica e na vida.

O quê? Seus pais não eram druidistas? Bem-vindo ao mundo. Não conheço no Brasil nenhum único filho de druidistas que esteja trilhando o caminho dos pais... ainda. Então, como será que nossos pais, avós e seus antecedentes poderiam nos ajudar no Druidismo?

A coisa é bem mais simples do que parece. Boas maneiras, trato social, noções de higiene, respeito à natureza, noção de tribo, comunidade ou sociedade e senso crítico; tudo isso aprendemos observando os exemplos de nossos antepassados. Aí, ou os assimilamos cegamente, ou os revisamos segundo o discernimento e a paciência que nos caibam para chegar às nossas próprias conclusões. Não importa para qual lado formos, seremos o reflexo daqueles que vieram antes de nós, esculpidos em carrara ou na perfeita expressão de um negativo fotográfico, e o mesmo ocorrerá com relação às pessoas em quem depositemos nossa confiança para servirem de guias nesse caminho.

Falando em sacerdotes, a liturgia da religião você vai realmente precisar se esforçar ou para encontrar um que seja sério e o ajude a conhecer e caminhar pela senda dos nossos Deuses, mas a educação que recebemos – ou deveríamos receber – de nossas famílias é imprescindível para o aprendizado druídico. Livros eu já os indiquei aqui para quem quiser estudar, e o resto somente poderá ser atingido através da sua determinação.

Quanto aos que vieram antes de nós e deixaram o legado cultural, filosófico, religioso e arqueológico dos celtas, em especial o Druidismo, que eles nos sirvam de Inspiração e, quanto aos que passaram e não deixaram um legado verossímil, que estes nos sirvam de lição quanto à responsabilidade que teremos para com os que vierem depois de nós.


Aproveitando a fábula do cachorro, aniem sua segunda-feira ao som do "Rock da Cachorra", cantado por Eduardo Dusek. Acompanhe a Acompanhe a letra e o vídeo clipe desta canção bem-humorada da década de 80.

Com agradecimentos a Ana Cláudia pela música.

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15 de maio de 2007

Bolinhos de Bebês

Alguns anos atrás, todos os animais foram embora.
Acordamos uma manhã e eles simplesmente não estavam mais lá.
Nem mesmo nos deixaram um bilhete ou disseram adeus.
Nunca conseguimos saber ao certo para onde foram.
Sentimos sua falta.
Alguns de nós pensaram que o mundo tinha se acabado, mas não tinha.
Só que não havia mais animais.
Não havia gatos ou coelhos, cachorros ou baleias, não havia peixes nos mares, nem pássaros nos céus.
Estávamos sós.
Não sabíamos o que fazer.

Vagueamos por aí, perdidos por um tempo, e então alguém observou que, só porque não tínhamos mais animais, não havia motivo para mudar nossas vidas.
Não havia razão para mudar nossa dieta ou parar de testar produtos que podem nos fazer mal.
Afinal de contas, ainda havia os bebês.

Bebês não falam. Mal podem se mexer.
O bebê não é uma criatura racional, pensante.
Fizemos bebês.
E os usamos.
Alguns deles, comemos. Carne de bebê é tenra e suculenta.
Esfolamos suas peles e nos enfeitamos com elas.
Couro de bebê é macio e confortável.

Alguns deles, usamos em testes.
Mantínhamos seus olhos abertos com fitas adesivas e pingávamos detergentes e shampoos neles, uma gota de cada vez.
Nós os marcamos e os escaldamos. Nós os queimamos.
Nós os prendemos com braçadeiras e plantamos eletrodos em seus cérebros. Enxertamos, congelamos e irradiamos.
Os bebês respiravam nossa fumaça e, nas veias dos bebês, fluíam nossos remédios e drogas, até eles pararem de respirar ou até o sangue deles não correr mais. Era duro, é claro, mas necessário.
Ninguém podia negar isso.
Com a partida dos animais, o que mais podíamos fazer?

Algumas pessoas reclamaram, claro. Mas elas sempre fazem isso.
E tudo voltou ao normal.
Só que...
Ontem, todos os bebês se foram.
Não sabemos para onde. Nem mesmo os vimos partir.
Não sabemos o que vamos fazer sem eles.
Mas pensaremos em algo. Humanos são espertos. É o que nos faz superiores aos animais e aos bebês.
Vamos bolar alguma coisa.

Neil Gaiman


Este é um daqueles textos que preciso ler de vez em quando, não apenas para descontrair da correria do cotidiano, mas justamente para não relaxar em excesso e esquecer da verdadeira natureza humana, a qual lutamos bravamente para modificar.


Arrume outro alimento enquanto relaxa ao som de "C'est Dur Dur D'Être Bébé", cantada por Jordy. Acompanhe a letra e a tradução desta música ou simplesmente dance ao som do vídeo clipe.

Em especial para Carolina (Lili), verdadeira autora do texto divulgado no dia 10 deste mês.

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8 de maio de 2007

Três Peneiras

Olavo foi transferido de departamento. Logo no primeiro dia, para fazer média com o novo chefe, saiu-se com esta: - Chefe, o senhor nem imagina o que me contaram a respeito do Silva! Disseram que ele...

Olavo nem chegou a terminar a frase, e o chefe disse:

— Espere um pouco, Olavo. O que vai me contar já passou pelo crivo das três peneiras?

— Peneiras? Que peneiras, chefe?

— A primeira, Olavo, é a da verdade. Você tem certeza de que esse fato é absolutamente verdadeiro?

— Não. Não tenho, não. Como posso saber? O que sei foi o que me contaram. Mas eu acho que... E, novamente, Olavo é interrompido pelo chefe:

— Então, sua história já vazou a primeira peneira. Vamos então para a segunda peneira, que é a da bondade. Você gostaria que os outros também dissessem a seu respeito o que você vai me contar?

— Claro que não! Deus me livre, chefe! - disse Olavo, assustado.

E o chefe prosseguiu:

— Então, sua história vazou a segunda peneira. Vamos ver a terceira peneira, que é a da necessidade. Você acha mesmo necessário me contar esse fato?

— Não, chefe. Pensando desta forma, vi que não sobrou nada do que eu ia contar...

— Pois é, Olavo! Já pensou como as pessoas seriam mais felizes se todos usassem essas peneiras? Da próxima vez em que surgir um boato por aí, submeta-o ao crivo das três peneiras: Verdade - Bondade - Necessidade. E, o chefe concluiu dizendo: Antes de passar uma informação adiante, lembre-se sempre que pessoas inteligentes falam sobre idéias, pessoas comuns falam sobre coisas e que pessoas mesquinhas falam sobre pessoas.

Autor Desconhecido


Sempre achei esta história muito bonita, mas até hoje eu a conhecia na na versão em que um monge mais velho aconselha um aprendiz. Concordo quase 100% com o que foi exposto neste texto, e considero-o uma daquelas lições que todo mundo deveria guardar para si e ter num caderninho de cabeceira onde, quando achasse que há algo errado no próprio caminho, pudesse lê-lo qual o "manual do messias" do livro Ilusões, de Richard Bach.

Certamente esta história, uma modificação, faria parte do meu.

Mas com o que não concordo, então? Da fábula, concordo com tudo, mas não é verdade a idéia de que pessoas inteligentes e pessoas mesquinhas estejam em categorias separadas, pois conheço muitas pessoas que são extremamente inteligentes e usam todo o seu potencial para não apenas falar sobre pessoas, mas para destruir suas vidas. Isso está nas novelas, na sabedoria popular e nos cordéis. Prefiro chamar, ao invés de inteligentes, de conscientes as pessoas que usam sua inteligência em prol de algo construtivo, e embora não ache um substituto (ainda) para o termo "pessoas comuns", que acho meio pejorativo, acho-o aceitável.

Todos já fomos alvo da mesquinharia alheia, e eu mesmo volta e meia ouço de pessoas que jamais me conheceram ou sequer acompanham meu trabalho, mas não hesitam em propagar as mentiras que a mesquinharia alheia contou a meu respeito. Minha sugestão? Use sua inteligência pra algo que preste e torne esse mundo um pouco melhor.


Aprenda a utilizar suas três peneiras enquanto escuta "Geni e o Zepelin", um poeta bastante lúdico entoado por Chico Buarque, é verdade, mas que traz em si uma imensa crítica à nossa sociedade. Acompanhe a letra pelo próprio link.

Com agradecimentos a Ana Cláudia pela fábula e pela Inspiração e a Suzana Soares pela lembrança da música.

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23 de abril de 2007

As Árvores e o Machado

Um homem foi à floresta e pediu as árvores que estas lhe doassem um cabo para o seu machado. O conselho das árvores concordou com o seu pedido e deu a ele uma jovem árvore para este fim.

Logo que o homem colocou o novo cabo no machado, começou furiosamente a usá-lo e em pouco tempo havia derrubado com seus potentes golpes, as maiores e mais nobres árvores da floresta.

Um velho Carvalho, lamenta quando a destruição dos seus companheiros já está bem adiantada, e diz a um Cedro seu vizinho:

O primeiro passo significou a perdição de todas nós. Tivéssemos respeitado os direitos daquela jovem árvore, ainda teríamos os nossos próprios e o direito de ficarmos de pé por muitos anos.

Autor: Esopo

Moral da História:
Quem menospreza ou discrimina seu semelhante, não deve se surpreender se um dia lhe fizerem a mesma coisa.


Quando busco fábulas de Esopo na Internet noto que elas sempre trazem ao final uma moral. Não concordo com muitas delas, pois a moral ali expressada não reflete meus princípios, mas em geral nelas eu encontro dicas fascinantes para compreender o pensamento cristão e, não raro, o pensamento pagão também.

Esta é uma das vezes em que ele acertou em cheio num conselho, e mais do que cobrar dos outros, devíamos aplicá-lo em nossas vidas.


Olhe ao seu redor e pense a respeito ao som de "Treefingers", uma música instrumental tocada pelo Radiohead muito interessante para meditar enquanto se contempla o balé das árvores ao vento.

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18 de abril de 2007

O Roubo do Fogo

Lenda Indígena

    Nos primórdios dos tempos, o urubu-rei foi dono do fogo. Por isso, os Tembés secavam a carne expondo-a ao calor do sol. Então resolveram roubar o fogo do urubu-rei.
    Começaram por matar uma anta. Deixaram-na estendida no chão e, depois de três dias, o bicho estava podre, bulindo de vermes.
    Vendo a carniça lá embaixo, o urubu-rei desceu acompanhado de seus parentes. Para melhor se banquetearem, despiram a vestimentas de penas, assumindo a forma de gente. Tinham trazido um tição aceso e com ele fizeram uma grande fogueira. Cataram os vermes, os envolveram em folhas do mato e assaram.
    Os Tembé que se mantinham escondidos, à espreita, tocaram para lá. Mas os urubus bateram asas e levaram consigo o fogo para um lugar seguro. Assim, os índios perderam o trabalho de tantos dias. A seguir, fizeram uma tocaia ao pé da carniça e um velho pajé aí se escondeu.
    Os urubús voltaram àquele lugar e fizeram seu fogo, desta vez bem próximo da tocaia.

    — Quando eu fugir, levarei comigo um tição acesso!, disse o pajé consigo mesmo.

    Quando os urubus despiram sua vestimenta de penas, viraram homens novamente e se puseram a assar os vermes, ele deu um pulo para frente e os bichos ficaram espavoridos. Correram para suas vestes de penas e começaram a vestir-se atabalhoadamente. O velho aproveitou-se da confusão, pegou num tição aceso e fugiu. Os pássaros juntaram o resto do fogo e voaram, levando-o consigo.
    Então, o pajé ateou fogo em todas as árvores com as quais hoje se faz fogo e que são: urucuíva, cuatipuruiva, ivira e muitas outras.


Lenda contada por Curt Nimuendaju Unkel no livro "Mitos dos Índios Tembé do Pará e Maranhão".


Aqueça-se ao som de "Coisas do Brasil", cantada por Leila Pinheiro. Acompanhe a letra pelo próprio link.

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13 de abril de 2007

Sobre a Fantasia e a Realidade

"Those who refuse to listen to dragons are probably condemned to live the nightmares of politicians. We like to think we live in daylight, but half the world is always dark, and fantasy, like poetry, speaks the language of the night".

"Aqueles que se recusam a escutar os dragões estão provavelmente condenados a viver o pesadelo dos políticos. Nós gostamos de pensar que vivemos na luz do dia, mas metade do mundo está sempre escuro, e a fantasia, como a poesia, fala a linguagem da noite".

Ursula K. LeGuin


Tradução: Alexandre Malhado.


Estamos acostumados demais ao "real" e preterimos o "imaginário" que, quando não nos soa ridículo, traz consigo a falsa sensação de que a fantasia é descartável. Assim, reprogramados pelo cotidiano e carentes do sonhar, vivemos um pesadelo. Mas o pior é quando nos acostumamos a essa vida cinzenta e nos tornamos parte dele. E isso é apenas o padrão.

Aproveite o final de semana para sonhar um pouco. Ouse e conheça uma realidade que você jurava que jamais esteve lá. Quebre as barreiras dos seus conceitos seguros e alçe vôos mais altos.

Ah... você acha que não tem asas? Tudo bem. Elas sabem que estão em você e, acredite, elas riem disso.


Uma feliz noite de sexta-feira 13,
um ótimo sábado 14 e
um fabuloso domingo 15!!!


Mergulhe na fantasia de si através da canção "Magic Dance", lançada por David Bowie. Conheça esse feitiço passo-a-passo tanto em inglês quanto em português e, por que não, dê uma espiadinha no vídeo que demonstra como faz.

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15 de março de 2007

Escritos e Inspirações

"E então inventaram a roda, mas sem perceber sua utilidade, a usaram como mesa. E então inventaram a energia nuclear, mas sem perceber o seu impacto, a usaram para matar. E então inventaram a internet, mas sem perceber o seu benefício, a usaram como arma de guerra. E então inventaram o Ser Humano, mas sem perceber o seu propósito, o usaram".

Susana Soares



Recebi hoje um daqueles arquivos pps que eu tanto odeio, mas como veio de uma amiga muito querida e eu estava justamente atrás de uma fábula, uma lenda, um contou ou algo assim para ler e relaxar, resolvi lê-lo. Era uma fábula cristã – como é também essa minha amiga – mas com uma mensagem universal daquelas que vale à pena ler de vez em quando pra não deixar o coração endurecer em excesso. Chama-se "O Cavalinho e a Borboleta, de "Silvana Duboc".

Foi então que, ao som da música do pps que quem quiser poderá ouvir pelo link de hoje, lembrei de um texto de outra amiga, e lembrei do cientista da música, e trouxe a quem me lê todas essas experiências.

O porquê os textos por si só dizem, e a música arremata.


Vivencie sua própria experiencia através dos textos e da canção "The Scientist", cantada pelo Coldplay. Acompanhe a letra e a tradução pelo próprio link, e não deixe de conferir o vídeo clipe.

Com agradecimentos a Suzana Soares pelo texto blogado e a Daniela Sette pela fábula recebida.

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26 de fevereiro de 2007

O Filhote de Cervo e sua Mãe

Certa vez um jovem Cervo conversava com sua mãe:

Mãe você é maior que um Lobo, é também mais veloz e possui chifres poderosos para se defender, por que então você tem tanto medo deles?

A Mãe amargamente sorriu e disse:

Tudo que você falou é verdade meu filho, mesmo assim quando eu escuto um simples latido de Lobo, me sinto fraca e só penso em correr o mais que puder.

Autor: Esopo


Moral da História
:
Para a maioria das pessoas é mais cômodo conviver com seus medos e fraquezas, mesmo sabendo que são capazes de superá-los.


Encare seu comodismo ao som de "Andrea Doria", uma balada do Legião Urbana em sua versão acústica, e acompanhe a letra pelo próprio link.

E depois, ergua a cabeça, reconheça seu potencial e espante os lobos que te cerciam.

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17 de janeiro de 2007

O Leão e o Rato

    Um Leão, que dormia sossegado foi despertado por um Rato, que passou correndo sobre seu rosto. Com um bote ágil ele o capturou, e estava pronto para matá-lo, quando o Rato suplicou:
Ora, se o senhor me poupasse, tenho certeza que poderia um dia retribuir sua bondade. Rindo por achar rídícula a idéia, ele resolveu libertá-lo.
    — Aconteceu que, pouco depois, o Leão caiu numa armadilha colocada por caçadores. Preso ao chão, amarrado por fortes cordas, sequer podia mexer-se.
    O Rato, reconhecendo seu rugido, se aproximou, roeu as cordas e libertou-o dizendo:
    — O senhor riu da idéia de que eu jamais seria capaz de ajudá-lo. Nunca esperava receber de mim qualquer favor em troca do seu; Mas agora sabe, que mesmo um pequeno Rato é capaz de retribuir um favor a um poderoso Leão.

Autor: Esopo

Moral da História:
Os pequenos amigos podem se revelar os melhores aliados.


Apenas precisamos aprender a agradecer aos aliados que conquistamos, e sempre que possível trazer de volta aqueles que o tempo afastou. Importar-se com o outro não é luxo, é sabedoria que extrapola a mera sobrevivência e nos leva ao aprendizado.

Reflita sobre a medida do seu egoísmo e no que tem feito para quem te ajuda escutando "Gratidão", cantada pelo Capital Inicial. Acompanhe também a letra desta canção.

Para Leonard, um aliado longe no tempo e no espaço, mas perto no coração.

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9 de maio de 2006

A Raposa e o Pequeno Príncipe

E foi então que apareceu a raposa:

- Boa dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita...
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. não me cativaram ainda.
- Ah! desculpa, disse o principezinho.

Após uma reflexão, acrescentou:

- Que quer dizer "cativar"?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro os homens, disse o principezinho. Que quer dizer "cativar"?
- Os homens, disse a raposa, têm fuzis e caçam. É bem incômodo! Criam galinhas também. É a única coisa interessante que fazem. Tu procuras galinhas?
- Não, disse o principezinho. Eu procuro amigos. Que quer dizer "cativar"?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..."
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...

(...)

Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:

- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não sais lucrando nada!
- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.

Depois ela acrescentou:

- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é a única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te farei presente de um segredo.

Foi o principezinho rever as rosas:

- Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes a ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo. Ela á agora única no mundo.

E as rosas estavam desapontadas.

- Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob a redoma. Foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.

E voltou, então, à raposa:

- Adeus, disse ele...
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.

Antoine de Saint-Exupéry, em O Pequeno Príncipe.
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É sempre bom sentir-se querido. Sempre bom sentir-se amparado. Ter a quem recorrer, olhar ao seu lado e ver que junto a seus ombros alguém que você pode chamar de irmão ergue-se para encarar qualquer batalha.

Esses laços não tem tempo ou forma definidos, mas são visíveis a todos aqueles que tiveram a paciência e dispenderam a energia necessária para criá-los. E cuidar de cada irmão que angariamos na vida é uma tarefa delicada, pois conquistar tal amizade não é fácil, mas perdê-la é algo que nossa arrogância consegue num único instante.

Com agradecimentos a Tamira Rocha pela lembrança e pela Inpiração.

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10 de janeiro de 2006

Como o Jabuti Venceu o Veado na Carreira

Uma das atitudes mais comuns que vejo no mundo pagão são os pré-julgamentos que as pessoas fazem, baseando-se em aparências e impressões que todo mundo que mexe com qualquer tipo de magia deveria ter o cuidado de investigar mais a fundo. Este é um bom exemplo do que nos pode acontecer quando nos deixamos enredar na teia das ilusões que nos acompanha todos os dias.

Além deste motivo, por si só suficiente para divulgar esta lenda indígena, vale atentar para a riqueza do que o povo brasileiro ignora que exista nas nossas terras, falado na língua dos primeiros povos a habitar este paraíso que chamamos Brasil (que descobri gostarem de ser chamados de indígenas, e não de "índios"). Vale também atentar para a linguagem antiga, pois esta lenda foi recebida por um inglês no final do século XIX e divulgada num livro de língua inglesa (EUA), para somente chegar até nós (que tão facilmente desprezamos a cultura do solo que nos sustenta) somente recentemente.

Vamos à lenda.



Um jabuti encontrou um veado e perguntou:

— Ó, veado, o que está fazendo?

O veado respondeu:

— Vou passear em procura de alguma cousa para comer.

E acrescentou:

— E você jabuti, onde vai?
— Vou também passear; procurar água para beber.
— E quando espera chegar ao lugar onde há água? – perguntou o veado.
— Por que me faz esta pergunta – replica o jabuti.
— Porque suas pernas são muito curtas.
— Sim? – respondeu o jabuti – Eu posso correr mais do que você. Mesmo com as pernas compridas você corre menos do que eu.
— Muito bem, apostemos uma carreira...
— Está certo – respondeu o jabuti, – quando correremos?
— Amanhã.
— A que horas?
— De manhã muito cedo...

Eng-eng* assentou o jabuti, que foi em seguida ao mato e chamou todos os seus amigos, os outros jabutis, dizendo:

— Venham, vamos matar o veado!
— Como você vai matá-lo?
— Eu disse ao vedo – respondeu o jabuti – apostemos uma carreira! Quero ver quem corre mais. Agora vou enganar o veado. Vocês espalhem-se pela margem do campo, no mato, sem ficarem muito distantes uns dos outros e conservem-se quietos, cada um no seu lugar! Amanhã, quando começarmos a aposta, o veado correrá no campo, mas eu ficarei sossegadamente no meu lugar. Quando ele chamar por mim, se vocês estiverem adiante dele, respondam mas tenham o cuidado de não responder se ele tiver passado adiante de vocês.

Desta forma, na manhã seguinte, muito cedo, o veado saiu ao encontro do jabuti:

— Venha! — disse o primeiro — corramos!
— Espere um pouco! — disse o jabuti — eu vou correr dentro do mato!...
— E como é que você, tão pequeno e com pernas tão curtas, há de correr no mato? – perguntou, supreendido, o veado.

O jabuti teimou que não podia correr no campo mas estava habituado a correr no mato, de modo que o veado concordou e o jabuti entrou no mato dizendo:

— Quando eu tomar minha posição farei um barulho com uma vara para você saber que estou pronto.

Quando o jabuti, tendo chegado ao seu lugar, deu o sinal, o veado saiu lentamente, rindo-se e pensando que não valia a pena correr. O jabuti ficou atrás sossegadamente. Depois de ter andado uma pequena distância, o veado volveu-se e chamou:

— U'i Yuatí! (Ó Jabuti!).

Então, admirado, ouviu um jabuti gritar um pouco adiante:

— U'i suaçu! (Ó Veado!).
— Pois – disse o veado a si mesmo – aquele jabuti corre mesmo!

E amiudando os passos depois de alguma distância gritou novamente, mas a voz do jabuti ainda respondia adiante.

— Como assim? – exclamou o veado, e correu um pouco mais até que, supondo ter seguramente passado o jabuti, parou, voltou-se e chamou novamente, porém o grito "U'i suaçú!" veio da margem da floresta adiante dele. Então o veado começou a assustar-se e correu velozmente até que, julgando estar distante do jabuti, parou e chamou; porém um jabuti respondeu ainda em frente.

Vendo isto disparou o veado, e pouco depois, sem aprar, chamou pelo jabuti, que ainda gritou mais adiante "U'i suaçú!" O veado redobrou as forças, asm com o mesmo insucesso. Por fim, cansado e desorientado, atirou-se de encontro a uma árvore e caiu morto.
tendo cesasdo o ruído que faziam as patas do veado, o primeiro jabuti escutou. Não havia nenhum som. Então o jabuti chamou pelo veado, mas não recebeu resposta. Saiu do mato e encontrou o veado esntendido e morto. Reuniu então todos os seus amigos e festejou a vitória.



Extraído do livro "Mitos Amazônicos da Tartaruga", de Charles Frederick Hartt. Editora Elos, 1988.

* Sim! O ng representa uma nasal.

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